Citroën ë-Berlingo M MAX XTR. Quase tudo para dar certo

Para as famílias e pequenos empresários que necessitam de um veículo elétrico espaçoso, funcional e versátil, a Citroën propõe o ë-Berlingo que viu a imagem exterior ser renovada, à semelhança do novo C3, enquanto a autonomia aumentou para 320 km. A versão mais equipada é a MAX XTR.

Para as famílias e pequenos empresários que necessitam de um veículo elétrico espaçoso, funcional e versátil, a Citroën propõe o ë-Berlingo que viu a imagem exterior ser renovada, à semelhança do novo C3, enquanto a autonomia aumentou para 320 km. A versão mais equipada é a MAX XTR.

À semelhança do que sucede noutros países faria todo o sentido que, por uma questão de racionalidade, os modelos de passageiros que partilham a mesma base com comerciais ligeiros compactos tivessem uma maior expressão de vendas no mercado nacional.

No plano teórico apresentam a vantagem de constituírem soluções mais práticas do que os SUV diretamente concorrentes, em termos de espaço útil para ocupantes e bagagens, de versatilidade, modularidade.

Apesar de todos esses argumentos, a expressão de vendas continua a ser marginal. O formato da carroçaria demasiado semelhante ao da versão que serviu de base, assim como uma imagem pouco diferenciada ajudam a explicar o pouco interesse do mercado por este tipo de viaturas.

O Ministério das Finanças também tem a sua quota parte de responsabilidade ao penalizar fiscalmente esta tipologia de viaturas em sede de Imposto Sobre Veículos, já que, regra geral, vinham equipadas com motorizações diesel de 1,9 litros ou 2,0 litros, tornando o preço de venda ao público pouco interessante face a propostas do tipo SUV.

Dianteira semelhante ao C3

Uma das referências no segmento, o Berlingo de passageiros está disponível no mercado nacional apenas na versão elétrica, a qual recebeu recentemente uma atualização, passando a oferecer mais 20% de autonomia com a introdução de uma nova bateria LFP (fosfato de ferro e lítio) com capacidade de 50 kWh.

Exteriormente, o novo ë-Berlingo distingue-se logo do seu antecessor, já que a secção frontal recebeu a mais recente linguagem de design da marca francesa, a qual possui bastantes semelhanças com outros modelos recém-lançados pela marca como o C3 e o C3 Aircross. Isso é ainda mais visível no nível de acabamento MAX XTR, correspondente à unidade ensaiada, naquela que é uma tentativa de se diferenciar mais profundamente do comercial.

Com o desaparecimento dos monovolumes tradicionais e como ainda existe alguma procura para este tipo de viaturas, as marcas têm vindo a recorrer a este tipo de carroçaria para disponibilizarem modelos do tipo MPV para as famílias e pequenos empresários que necessitam de mais espaço e funcionalidade do que num SUV. A Citroën não hesita mesmo em chamar ao Berlingo de monovolume familiar.

A secção frontal do ë-Berlingo surge mais vertical e completamente redesenhada, da grelha tapada do radiador até ao pára-choques e aos grupos óticos. Estes últimos incorporam a nova assinatura luminosa da Citroën com três segmentos, uma barra vertical e duas horizontais que parecem lâminas.

Com o pacote XTR, o ë-Berlingo recebe jantes de liga leve de 17” com corte diamantado, Pack Color Infrared no pára-choques e nos airbumps laterais e um reforço estético dos pára-choques dianteiro e traseiro que inclui um revestimento a imitar efeito de alumínio para transmitir um aspeto mais radical.

Interior revisto

O habitáculo do ë-Berlingo foi igualmente renovado, designadamente ao nível do painel de bordo, que compreende um quadro de instrumentos digital de 10” e um ecrã tátil também de 10” para o sistema de informação e comunicação. A unidade ensaiada contava com o novo sistema My Citroën Drive Plus com navegação conectada, inspirado nos widgets dos smartphones, que permite gerir diversas funções multimédia. O ecrã de alta resolução também projeta a imagem da câmara traseira com a função Top Rear Vision.

Igualmente novo é o volante multifunções, o qual incorpora os comandos de controlo do regulador da velocidade de cruzeiro e do sistema de áudio. O acesso ao computador é efetuado através de um botão localizado no painel de bordo, à esquerda do volante. Atrás deste último encontam-se dois botões para regular os três níveis de intensidade da travagem regenerativa. 

O painel de bordo e os painéis das portas apresentam acabamentos em Chiné Bleu, transmitindo uma imagem mais sofisticada e requintada do que a normalmente associada a um comercial.

A ampla distância entre-eixos de 2,79 metros permitiu disponibilizar um espaço bastante generoso para todos os ocupantes, designadamente ao nível da altura para a cabeça e largura dos ombros. A versão MAX XTR recebe os bancos Citroën Advanced Comfort, que possuem apoios laterais reforçados para garantir um maior suporte em todas as circunstâncias.

A dotação série compreende ar condicionado automático, travão de estacionamento elétrico, botão de ignição e acesso sem mãos, ligação sem fios compatível com Apple CarPlay e Android Auto, espelhos retrovisores rebatívels elétricos.

O nível de equipamento Advanced Comfort XTR oferece ainda tecto multifunções Modutop, que inclui um arco translúcido, um pequeno compartimento arrumações no tecto traseiro, iluminação ambiental e tecto panorâmico e cortina elétrica.

Lugares individuais

O acesso aos lugares traseiros é assegurado por duas portas laterais deslizantes, ambas com sistema de abertura manual, mas os vidros possuem comando elétrico, solução pouco habitual neste tipo de viaturas.

Os passageiros dos lugares traseiros contam com três assentos individuais. Os lugares dianteiros são igualmente bastante espaçosos, ao travão de estacionamento elétrico e do seletor da transmissão à localização do seletor dos programas de condução na consola central.

O espaço no compartimento das bagagens é um dos grandes argumentos do ë-Berlingo M, isto é, com comprimento exterior de 4,40 metros, já que oferece um volume útil de 600 litros por baixo da tampa da chapeleira. O volume útil pode ser ampliado até aos 2126 litros com o rebatimento dos assentos traseiros numa configuração 30/35/30. O pesado portão traseiro basculante conta com abertura do óculo para permitir guardar objetos de pequenas dimensões.

O Citroën ë-Berlingo oferece uma posição de condução relativamente elevada que assegura uma boa visibilidade da estrada e das condições de circulação. A regulação manual do assento em altura e inclinação permite encontrar a melhor posição atrás do volante. Para iniciar a márcha basta carregar no botão de ignição e selecionar um dos programas de condução na base da consola central.

Além dos já habituais modos Eco, Normal e Power, o ë-Berlingo MAX XTR conta ainda com outros três - Areia, Lama e Neve - permitindo enfrentar outros tipos de pisos para além do alcatrão ou condições mais adversárias. Outra funcionalidade é o Controlo Eletrónico de Descidas (Hill Descent Control) que pode ser ativado por um botão na base da consola central.

Prestações honestas

A linha motriz do ë-Berlingo mantém o conhecido motor elétrico que desenvolve uma potência de 100 kW (136 cv) e um binário de 260 Nm, disponível logo no arranque. As prestações estão ao nível do que se espera de um familiar, já que a aceleração dos 0 aos 100 km/h está longe de ser propriamente fulgurante com um registo de 11,7 segundos. O peso em vazio superior a 1,9 toneladas também não deixa fazer grandes milagres.

Para não penalizar muito o consumo de energia, a velocidade máxima está limitada a 132 km/h. No que se refere à eficiência, o computador de bordo registou um média combinada de 14,7 kWh/100 km, valor abaixo dos 18,0 kWh/100 km anunciados pelo construtor. Isto significa um custo médio de energia de 2,35 euros por cada cem quilómetros em tarifa doméstica. Na rede pública em corrente alterna, o valor pode subir para os 5,29 euros.

O motor elétrico continua a ser alimentado por uma bateria com capacidade de 50 kWh, mas agora é de LFP, o que possibilitou o aumento da autonomia anunciada de 277 km para 320 km em ciclo WLTP. Em condições reais de utilização durante o ensaio não chegou aos 300 km.

Para otimizar a eficiência energética, designadamente em ambiente urbano ou em estradas com descidas acentuadas, o utilizador pode regular a intensidade da travagem regenerativa em três níveis através de patilhas atrás do volante. No mais intenso consegue-se alguma recuperação, contribuindo para melhorar o consumo de energia.

Esgotada a capacidade da bateria, o Citroën ë-Berlingo pode ser ligado à tomada num posto lento, contando para o efeito com um carregador de bordo de 7,4 kW, demorando uma carga completa cerca de 7h30m. O carregador de 11 kW é opcional. A bateria do ë-Berlingo também pode ser carregada em corrente contínua num posto até 100 kW, sendo necessários 30 minutos para recuperar entre 0% a 80% do nível de carga.

Para apoiar a condução, o ë-Berlingo dispõe dos sistemas de assistência obrigatórios por lei, ao que acresce outros como o assistente de ângulo morto ou o regulador activo da velocidade de cruzeiro (ACC).

VEREDICTO

Se o generoso espaço interior, a versatilidade e modularidade são os grandes argumentos  do Citroën ë-Berlingo M MAX XTR que nos dias de semana pode ser utilizado como um funcional veículo de trabalho e ao fim de semana como uma viatura para transportar a família com todo o conforto ou equipamentos de lazer de maiores dimensões como bicicletas ou pranchas de surf, entre outros, já o preço de venda ao público da unidade ensaiada de 39 101 euros se revela pouco competitivo face a outras alternativas SUV, mas em linha com os principais concorrentes como o Mercedes-Benz EQT (51 457€), Opel Combo Electric (35 643€) Renault Kangoo E-Tech (36 890€), Toyota Proace City Verso (45 600€), entre outros.

Por outro lado, se a autonomia de aproximadamente 300 quilómetros é mais do que suficiente para a versão comercial na distribuição de última milha, para uma utilização familiar o alcance poderá ser mais limitado, embora seja sempre possível recorrer a um carregamento rápido de oportunidade e recuperar até 80% da capacidade em cerca de 30 minutos.

Para quem necessita de mais espaço útil e versatilidade do que pode oferecer um SUV compacto ou mesmo médio, o Citroën ë-Berlingo MAX XTR constitui uma alternativa interessante. E com o novo visual dianteiro parece mais o novo C3, mas maior, do que com o comercial. 

FICHA TÉCNICA

Citroën ë-Berlingo M MAX XTR

PREÇO  39 101€

MOTOR Elétrico (1)

POTÊNCIA 115 kW (156 CV)

BINÁRIO 255 NM

TRANSMISSÃO Dianteira; Auto, 1 vel.

COMP./LARG./ALT. 4,36/1,83/1,58 M

DISTÂNCIA ENTRE-EIXOS 2,66 M

PESO 1690 KG

MALA 466 - 1300 L

ACEL 0 - 100 KM 8,8 S

VEL. MAX 162 KM/H

CONSUMO WLTP 14,6 (16,8*) kW/100 km

EMISSÕES 0 G/KM

CAPACIDADE BATERIA 49,0 KWH

AUTONOMIA 377 KM (288 km*)

TEMPO DE CARGA 4H00M (11 KW) 41M - 20% A 80% (74 KW) 

IUC 0 €

* Medições Turbo

MOTOR Elétrico (1)

POTÊNCIA 100 kW (136 CV)

BINÁRIO 260 NM

TRANSMISSÃO Dianteira; Auto, 1 vel.

COMP./LARG./ALT. 4,40/1,92/1,80 M

DISTÂNCIA ENTRE-EIXOS 2,79 M

PESO 1907 KG

MALA 775 - 3000 L

ACEL 0 - 100 KM 1178 S

VEL. MAX 132 KM/H

CONSUMO WLTP 18,0 (14,7*) kW/100 km

EMISSÕES 0 G/KM

CAPACIDADE BATERIA 50,0 KWH

AUTONOMIA 320 KM (299 km*)

TEMPO DE CARGA 7H30M (7,4 KW) 30M - 0% A 80% (100 KW) 

IUC 0 €

* Medições Turbo

GOSTÁMOS

NÃO GOSTÁMOS

Espaço
Modularidade
Eficiência energética

Preço
Portão traseiro pesado 
Carregador bordo 7,4 kW