Citroën C4 e C4X são exaltação do Conforto também ao volante

Numa altura em que renova toda a sua oferta, a Citroën não quis deixar de fora a sua berlina para o segmento C e, mesmo sem praticamente mexer na base técnica, evolui-lhe a estética e o conforto. Fomos conduzi-la a Espanha, embora já possa ser encomendada em Portugal, por preços a partir de 29.215€.

Embora com “pézinhos de lã” em alguns mercados europeus (expressão que também poderá ser encarada como um elogio, tratando-se de um Citroën…), a verdade é que, desde que foi lançada em 2021, a quarta geração do C4 e C4X tem conseguido um desempenho comercial muito assinalável na Europa. Confirmado não apenas no segundo lugar, entre as berlinas compactas do segmento C, com que terminou o primeiro trimestre de 2024, como também no terceiro posto entre as propostas equipadas exclusivamente com motores térmicos.

Impulsionada por estes resultados, a Citroën não deixou de incluir a gama C4 nos esforços renovação total a que tem vindo a sujeitar toda a sua gama, visando não somente a sua adequação às mais recentes tendências do mercado, como também e principalmente, àqueles que são os novos ventos de mudança que atravessam a marca do double chevron; em termos de imagem, mas também no que a qualidades e tecnologias diz respeito.

Entretanto e numa iniciativa que só poderá pecar por tardia, até porque os novos C4 e C4X já se encontram em comercialização em Portugal (pode ler um ensaio mais pormenorizado, feito em solo nacional, já na próxima edição da revista TURBO), a Citroën convidou alguns media portugueses, entre os quais a TURBO, para um primeiro contacto com o novo C4, em terras de Espanha. Aliciante que, no entanto, acabou funcionando como uma espécie de complemento àquela que foi a principal aliciante nesta viagem até Barcelona, a apresentação dinâmica do novo C3 Aircross, sobre a qual também daremos, em breve, aqui conta.

Tudo começa no double chevron…

Ainda assim e sobre os novos C4 e C4X, a constatação, logo no primeiro olhar, da aproximação à nova linguagem de design que a Citroën procura agora afirmar, embora e neste caso, visando, igualmente, uma certa diferenciação entre duas propostas quase gémeas: no caso da berlina, com elementos SUV (C4), apostando numa imagem mais dinâmica, do tipo coupé, a prometer igualmente a habitabilidade de um hatchback do segmento C, enquanto, no fastback (C4X), a procurar transmitir uma imagem mais estatutária e elegante, através de uma carroçaria de quatro portas.

Entre as novidades mais notadas, um novo “double chevron” de maiores dimensões, com 16 cm (!) de altura!, a sobressair numa frente de aspecto mais largo e dinâmico, além de com uma nova grelha e novos faróis. Agora mais finos e com uma marcante assinatura luminosa de três segmentos horizontais, dos quais fazem igualmente parte os piscas.

A estes elementos junta-se, depois, uma pretensa protecção inferior, que tanto pode ser na cor Mercury (versões You e Plus) como em Silver Chrome (Max), no limite inferior do pára-choques, além de Color Clips, em preto ou dourado, colocados verticalmente na grelha inferior.

Nas laterais, novas jantes Amber de 18” e protecções em plástico redesenhadas, a procurarem dotar de um aspecto mais fluído uma carroçaria que pode receber uma de seis cores, mais uma de duas tonalidades (Preto e Branco) para o tejadilho, e que termina numa traseira também ela reformulada. Neste caso, a apostar numa maior simplicidade das linhas, ainda que acrescidas de um airelon na parte superior da tampa da bagageira e, mais abaixo, novos farolins LED com três barras de luz. A acentuarem a largura do automóvel, graças também à faixa negra em Preto Glossy que os interliga e que serve de fundo para a inscrição com o nome da marca.

Espaço… e conforto

Passando ao interior, um habitáculo no qual se destacam como principais novidades os renovados Advanced Comfort Seats, altamente confortáveis e a proporcionarem uma boa posição de condução, além de um novo quadrante 100% digital de 7” (só é pena a moldura de aspecto algo… antigo), mais um head-up display no qual só não gostámos da lâmina demasiado grossa, a importunar a visão. Convincente, pelo contrário, o ecrã central destacado de 10”, com interface intuitivo, navegação 3D conectada e ChatGPT.

Igualmente parte do pacote tecnológico, um total de 20 sistemas avançados de assistência ao condutor, entre os quais, a travagem autónoma de emergência (Active Safety Brake), o alerta de risco de colisão, Cruise Control Adaptativo com Stop & Go, assistência ao condutor em auto-estrada (Highway Driver Assist), monitorização de ângulo morto, alerta de transposição involuntária da faixa de rodagem e câmara de visão traseira com Top Rear Vision. Entre muitos outros.

Ainda assim, mais surpreendente mostrou ser o espaço disponível a bordo e, nomeadamente, na segunda fila, onde, tanto o C4, como o C4X, disponibilizam espaço para acomodar até três ocupantes. Neste caso, graças também aos 198 mm disponíveis para os joelhos dos ocupantes, aos 1.380 mm (1.366 mm no C4X) à altura dos ombros e aos 1.440 mm ao nível dos cotovelos. Argumentos a que se junta, em qualquer das carroçarias, uma óptima bagageira, cuja capacidade varia entre os 380 litros do C4 (1.250 l com o banco traseiro rebatido) e os 510 litros do C4X (1.350 l), ainda que invariavelmente com um acesso um pouco mais apertado.

Motores para (quase) todos os gostos

Quanto às motorizações, a garantia de uma oferta ampla e completa, composta, desde logo, por duas soluções híbridas de 48V - com 100 e 136 cv - e duas exclusivamente elétricas - 110 kW (136 cv) e 115 kW (156 cv). Estas últimas, a anunciarem, no caso do C4, 354 e 416 km de autonomia, e, no caso do C4X, e 360 e 427 km com uma só carga.

Em Barcelona, a oportunidade de fazer algumas dezenas de quilómetros, tanto com o 1.2 Turbo híbrido de 136 cv, como com o 100% elétrico de 115 kW, com ambos a cumprirem com distinção aquela que é a (recuperada) marca identitária da nova Citroën: o conforto na condução, que o próprio fabricante descreve como “efeito de tapete voador”, e que resulta, em grande medida, da acção da patenteada suspensão “Citroën Advanced Comfort”.

Ainda assim e apesar do empate declarado à partida, preferência assumida pelo elétrico, suave e linear na resposta ao acelerador, com a vantagem extra de não ter a sonoridade invariavelmente presente do motor, que se faz notar híbrido; e que também não é, propriamente, uma referência em termos de aceleração ou emoção. Sendo que ambos partilham a mesma direcção pouco ou nada informativa, e, mais inesperado (principalmente, no híbrido), um pedal de travão quase sem feedback.

Quanto a consumos, uma média registada, no híbrido, de 6,1 l/100 km, isto após um trajecto de cerca de 70 km por estradas mais sinuosas de montanha, enquanto, no elétrico, um registo ainda mais convincente, de 13 kWh/100 km, por percursos muito idênticos. Ainda que, com este último, a adicionar a aliciante extra de poder carregar a bateria de 54 kWh em tomadas rápidas de 100 kW e repor, assim, dos 20 até aos 80% da capacidade, em menos de 30 minutos.

Tudo isto, mais a estreia da tecnologia V2L, sinónimo de Vehicle-to-Load, e que permite a ambas as carroçarias disponibilizar energia da sua bateria para carregar outros dispositivos externos. 

A partir de 29 475€… a gasolina

Entretanto e para quem pretenda algo mais… conservador, a Citroën promete a chegada, até ao final de janeiro, de uma versão 100% térmica, com base no mesmo motor 1.2 Turbo, a debitar 130 cv, e conjugado com caixa automática de oito velocidades. Cujo preço iniciar-se-á nos 29 475€ (versão Plus) e 32 015€ (Max), no caso do C4, e nos 29 825€ (Plus) e 32 665€ (Max), no C4X.

E já que começamos a falar de preços, altura para dar igualmente a conhecer os valores de venda ao público da restante oferta, a começar pelo C4 com motorização híbrida de 100 cv e nível de equipamento de entrada You, já disponível em Portugal, por 29 215€. Enquanto o Híbrido 136 cv Plus pode ser adquirido a partir de 30 975€.

Optando pelas motorizações exclusivamente elétricas, preços de entrada de 39.065€ (100 kW/136 cv) e 40.725€ (115 kW/156 cv).

Passando ao C4X, motorização híbrida de 136 cv a partir de 39 415€ (You) e versões 100% elétricas de 100 kW e 115 kW por 39 425€ (You) e 41 075€ (Plus), respectivamente.