Proposta familiar que ficou para a história como um dos sucessos comerciais da marca do double chevron, o Citroën BX está, este ano, a comemorar os 40 anos, após uma existência marcada não somente pelos mais de 2,3 milhões de unidades vendidas, como também pelo papel na afirmação da marca francesa no segmento médio-alto. E o leitor, lembra-se do famoso BX?...
Comercializado durante cerca de 12 anos, o Citroën BX teve, desde logo, um local de nascimento privilegiado, ao ser dado a conhecer ao grande público, sob a mais emblemática construção, não apenas de Paris, mas também de França: a Torre Eiffel.
O momento teve lugar no dia 23 de setembro de 1982, já a noite começava a surgir, sendo que, a despertar a curiosidade de uma enorme multidão presente local, surgia uma enorme caixa de madeira, suspensa no primeiro andar do monumento. Nela, podia ler-se a seguinte inscrição: 'Voilá la nouvelle Citroën' ('Eis o novo Citroën').
Acompanhada de um exuberante espectáculo de luz e som, a caixa acabaria por deslizar lentamente até ao chão, para, ao abrir-se, desvendar o vanguardista BX. O qual, apenas uma semana após esta primeira aparição, voltaria a surgir, agora no 69.° Salão Automóvel de Paris, para dar início a sua comercialização. Culminando, desta forma, um processo que, na verdade, havia começado quatro anos antes, com o nome de código 'XB'...
O início…
Embora comercializado com a designação comercial BX, aquele que viria a ser um dos modelos familiares de maior sucesso na história da Citroën nasceu com as letras trocadas, ou seja, com o nome de código 'XB'. Decorria, então, o ano de 1978.
Iniciado o projecto que tinha como principais especificações posicionar-se como um veículo moderno, fora do convencional, e com ênfase na inovação, o modelo veria as suas especificações finalizadas em novembro de 1979. Sendo que, destas, fazia ainda parte a opção pela tracção dianteira, com motor colocado em posição transversal, além de com baixo peso, para assegurar boas acelerações e baixos consumos.
Desenvolvido no centro técnico de Vélizy, o projecto XB apresentava-se com uma carroçaria de cinco portas, na qual vários componentes eram fabricados em materiais compósitos, permitindo, assim, que o peso do modelo não ultrapassasse os 885 kg. Isto, além da garantia de um coeficiente de aerodinâmica de apenas 0,34, a que se juntava, ainda, aquela que era quase uma obrigatoriedade, nos modelos de topo da Citroën: a famosa suspensão hidropneumática.
Finalmente e também fruto do facto de ser o primeiro modelo Citroën da era PSA, o modelo acabou recebendo alguns dos motores do novo grupo automóvel, como foi o caso dos 1.360 cc com 62 cv ou 72 cv, e dos 1.580 cc com 90 cv.
"Irmão" dos Lamborghini Miura e Countach
Encarado como uma forma da marca francesa entrar no segmento médio-alto do mercado, tornando-o, ao mesmo tempo, um sucessor à altura do relevante GSA, a Citroën decidiu recorrer ao famoso carroçador italiano Bertone, para que desenhasse as linhas do BX.
A responsabilidade acabou entregue ao designer Marcello Gandini, "pai" dos Lamborghini Miura e Countach, assim como do Lancia Stratos, o qual propôs uma linha original, esculpida sem cair na excentricidade, que acabou por caracterizar fortemente o BX. Sendo que, a admiração acabou estendendo-se ao habitáculo, onde sobressaia um tablier futurista, inspirado no do CX, ao qual não faltavam sequer os satélites de ambos os lados do volante monobraço e o conta-rotações retroiluminado.
Um percurso de sucesso
Produzido nas fábricas de Rennes La Janais, na Bretanha, e em Vigo, Espanha, o Citroën BX acabou tornando-se um enorme sucesso, chegando ao final da sua produção, em 1994, com um total de 2.333.016 unidades vendidas. Contribuindo, dessa forma, para o renascimento da marca francesa, na década de 1980.
LEIA TAMBÉM
Lembra-se da furgoneta Citroën 2 CV? Dizemos-lhe como conseguir uma atual
De resto e ao longo da vida, o BX acabou conhecendo, igualmente, várias alterações, nomeadamente, em termos de carroçaria, como foi o caso da versão carrinha apresentada em 1985 e que, com mais 17 cm de comprimento, exibia a designação Evasion. Já para não falar na versão comercial, o Enterprise, lançada um ano antes.
Já em 1987, surgiria um profundo restyling, marcado não apenas por uma linha exterior mais suave, mas também por um painel de instrumentos totalmente novo, soluções a que se juntavam, ainda, teto de abrir, ar condicionado, instrumentação digital, revestimentos em veludo, jantes de liga leve, relógio digital, e até computador de bordo.
A par da inovação estética e em termos de equipamentos, o mesmo princípio em termos de motores, com o BX a receber, ao longo da sua existência, várias motorizações inovadoras, cujas potências chegaram aos 160 cv, além de contarem com tecnologias de ponta para a altura, como foi o caso da injeção eletrónica equipada com catalisador e da sonda lambda. Já para não falar na estreia da motorização diesel conjugada com caixa de velocidades automática, a tração integral permanente e travagem com ABS.
Aliás e a par de várias edições limitadas (Tonic, Image, Calanque, Leader, etc.), o Citroën BX chegou mesmo a contar com uma série limitada, de 200 unidades, do carro de competição BX 4 TC Grupo B (2.141 cc, 200 cv, 220 km/h), mas para utilização em estrada.