China pede a fabricantes que congelem expansão europeia

Numa altura em que o conflito comercial entre os dois blocos continua aceso, a China pediu aos seus fabricantes de automóveis para que congelem a expansão que têm delineada para os mercados da União Europeia. Pelo menos, enquanto a questão das novas taxas alfandegárias para os elétricos chineses não estiver resolvida.

A notícia está a ser avançada pela Automotive New Europe, com base em informações recolhidas junto de fontes não identificadas, mas que a publicação diz serem conhecedoras do tema. E que garantem que o Executivo chinês terá dado indicações aos seus fabricantes para suspenderem os planos de expansão na e para a Europa.

Segundo estas fontes, o Governo chinês terá pedido aos seus construtores automóveis para que não só suspendam quaisquer planos de construção de fábricas no Velho Continente, mas também a assinatura de novos acordos. Apelando, ainda, a uma maior descrição na sua atividade, pelo menos, enquanto decorrem as negociações sobre as novas tarifas da União Europeia (UE), para os veículos elétricos (EV) chineses.

A China estará igualmente preocupada com um potencial excesso de elétricos chineses na Europa, numa altura em que o Velho Continente regista um arrefecimento na procura por este tipo de propostas.

Fabricantes já começam a recuar

Ainda de acordo com as fontes ouvidas pela Automotive News, fabricantes como o Dongfeng Motor Group Co., que detém marcas como a Voyah, a M-Hero e a Dongfeng, terá já comunicado ao Governo italiano a suspensão da intenção de fabricar veículos elétricos em Itália, ainda que apontando como motivo o aumento das taxas alfandegárias à importação de EV.

A decisão acaba sendo um importante revés nas intenções da primeira-ministra italiana Giorgia Meloni de atrair fabricantes automóveis chineses para o seu país, em resposta à intenção das marcas italianas, propriedade do grupo automóvel Stellantis, de reduzir produções.

No entanto, não foi apenas a Dongfeng Motor a recuar nos seus planos para os mercados da Europa, pois, também a Chongqing Changan Automobiles Co., outro fabricante do Estado chinês, que lançou recentemente e em conjunto com a tecnológica Huawei a marca AVATR, terá cancelado o evento de lançamento das suas marcas na Europa, alegando como motivo o facto das negociações para as novas tarifas alfandegárias na UE estarem ainda a decorrer.

De resto e ainda no mês passado, a Chery Automobile Co. anunciou a decisão de adiar em um ano, ou seja, para outubro de 2025, a produção de veículos elétricos numa fábrica que adquiriu em Barcelona, Espanha, também com propósito de apurar os níveis de produção necessários, que permitam responder às novas tarifas.

Há excepções

Ainda assim e sentido contrário, parece continuar a avançar um dos maiores construtores automóveis chineses, a BYD, que, mesmo perante todos estes contratempos, mantém os seus planos de construir uma fábrica na Hungria, que lhe permita contornar as novas taxas alfandegárias da UE.

Ao mesmo tempo, o fabricante tem igualmente em análise a possibilidade de investir mil milhões de dólares numa nova fábrica na Turquia, a qual beneficiará do acordo de união aduaneira que já existe entre este país do Norte de África e a União Europeia e que permitirá ao fabricante chinês exportar veículos para os mercados do Velho Continente, isentos de impostos.