Parece simples! Sabe como carregar um veículo elétrico ou PHEV?

Carregar um veículo elétrico ou PHEV não é tão simples quanto parece. O País que criou a rede Multibanco é o mesmo que implementou

Carregar um veículo elétrico ou PHEV não é tão simples quanto parece. O País que criou a rede Multibanco é o mesmo que implementou um sistema público de carregamento de veículos elétricos complicado e pouco racional. Com a agravante de nem sempre o cartão comunicar com o posto ou este último com a rede.

Carregar um veículo elétrico (BEV) ou híbrido plug-in (PHEV) poderá ser um procedimento relativamente simples ou complicado, tudo dependendo das condições.

Em primeiro lugar é necessário um cabo de carregamento específico para carregamento doméstico ou numa wallbox / rede pública, que pode vir de série com o veículo ou ser uma opção. 

O cabo de carregamento doméstico pode ser ligado a uma qualquer tomada doméstica de 220V, desde que tenha ligação a terra, permitindo fornecer energia à bateria de um veículo numa garagem ou em qualquer outro local onde tal isso seja possível.

Cabos de carregamento. Foto: Turbo

A principal desvantagem do carregamento doméstico reside no tempo necessário para recuperar a capacidade da bateria que no caso, por exemplo, dos 50 kWh do Peugeot e-208 - um dos mais vendidos em Portugal em 2022 - pode chegar até às 16 horas ou até às 36 horas no caso dos 88 kWh do Audi Q4 e-tron Sportback 50 quattro.

Opção pela wallbox

Para tornar o processo mais rápido e se tiver uma garagem ou lugar de estacionamento num condomínio, o proprietário pode mandar instalar uma wallbox. Aí o processo já se torna mais complicado porque tudo depende das condições técnicas existentes no local. Além disso, o tipo de alimentação elétrica da instalação pode ser assegurado a partir da fração do apartamento ou a partir do quadro de serviços comuns do condomínio, podendo o carregador ser de uso exclusivo ou partilhado.

No caso do espaço partilhado do condomínio poderá permitida a utilização de carregador (es) apenas por moradores do edifício, sendo a alimentação elétrica da zona dedicada para o carregamento de veículos elétricos obtida a partir do quadro de serviços comuns do condomínio. Neste caso, os consumos realizados pelos moradores a carregar as suas viaturas serão refletidos na fatura de eletricidade do condomínio.

A wallbox poderá ter uma potência até 22 kW permitindo diminuir o tempo de carregamento do veículo elétrico. No caso do Peugeot e-208, o processo demora 7h30 numa wallbox de 7,4 kW ou 5h15m numa de 11 kW. No Audi Q4 e-tron Sportback 50 quattro, o carregamento da bateria demora aproximadamente 12 horas ou 8 horas, nas referidas wallboxes.

Carregamento público

Se o proprietário não tiver acesso a uma infraestrutura própria de carregamento, o processo torna-se ainda mais complicado porque terá de recorrer à rede pública de carregamento de veículos elétricos. O País que criou a rede Multibanco é o mesmo que implementou um sistema complexo e burocrático, apesar de existir apenas uma entidade, a Mobi.E que detém a responsabilidade de gerir a informação entre os diferentes intervenientes da rede.

Em Portugal são vários os intervenientes como os CEMEs (Comercializadores de Energia para a Mobilidade Elétrica), os OPC (Operadores de Posto de Carregamento), e os UVEs (Utilizadores de Veículos Elétricos, ou híbridos) entre outros. 

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Esta interconexão permite o acesso dos utilizadores de veículos elétricos aos postos de carregamento que estão ligados à MOBI.E, mas têm de ter um contrato com um comercializador de energia para a mobilidade elétrica. Os pagamentos dos consumos, que incluem diversas taxas, vêm depois numa fatura.

Cartão de carregamento

Assim, para desbloquear um posto de carregamento público, o utilizador necessita de um cartão com tecnologia RFID - ou de uma app - associado ao de um comercializador de eletricidade para a mobilidade elétrica. Infelizmente nem sempre funciona porque o cartão não é lido pelo posto ou este último não consegue estabelecer ligação com a rede. Isto se estiver disponível, o que também nem sempre acontece.

Os postos da rede pública também estão disponíveis em várias potências, desde os normais (até 7,4 kW), passando pelos semirrápidos, (de 7,4 kW até 22 kW, inclusive) até aos rápidos (superiores a 22 kW até 150 kW) ou ultrarrápidos (iguais ou superiores a 150 kW). 

Com exemplo num carregador rápido de até 100 kW, o Peugeot e-208 pode recuperar até 80% da capacidade da bateria, enquanto num de 150 kW o Audi Q4 e-tron Sportback 50 quattro necessita de 45 minutos para atingir o mesmo nível de carga. Será de referir que o veículo aceita uma determinada potência de carga em função do carregador de bordo. 

Será de referir que um condomínio também poderá optar por instalar um posto de carregamento ligado à rede pública Mobi.E, permitindo controlar os acessos ao carregador, restringindo apenas a moradores com cartão CEME, onde os consumos de eletricidade relativos ao carregamento são pagos por cada utilizador na sua fatura individual de mobilidade elétrica e retirados esses consumos da fatura do condomínio.

Curiosamente, num veículo de combustão, todo processo é bastante mais simples. Basta ir à bomba, abastecer, pagar e ir embora.