Carlos Ghosn: “Nissan vai ser vítima de uma carnificina”

Com a possível fusão entre Honda e Nissan na ordem do dia, aquele que foi uma das personalidades que mais marcou as últimas décadas do fabricante de Yokohama, Carlos Ghosn, continua a arremessar contra o negócio. Desde logo, por entender que, nesta parceria, é a Nissan que caberá será “a vítima da carnificina”.

Depois de já ter previsto que algo de maiores dimensões estaria a ser preparado, isto aquando do anúncio, em março último, da celebração de uma parceria tecnológica entre Honda e Nissan, eis que Carlos Ghosn, o homem que, em 1999, salvou a Nissan da bancarrota, volta a atacar a recém-anunciada fusão entre as duas companhias. Nomeadamente, qualificando-a de uma “aquisição disfarçada”.

Em declarações ao canal CNBC, o empresário franco-brasileiro de origem libanesa defende que “a Nissan está em pânico, à procura de alguém que os salve da atual situação, para a qual não conseguem encontrar, sozinhos, uma solução”. Já a Honda, “entra neste negócio com o propósito de, obviamente, dominar qualquer parceria que daqui possa resultar”.

No entender de Ghosn, “não há qualquer dúvida de que será a Honda a surgir no lugar do condutor. O que, para mim, não deixa de ser algo de muito triste, depois de ter liderado a Nissan durante 19 anos e tê-la trazido para a vanguarda da indústria, vê-la agora a ser vítima de uma carnificina, já que não há quaisquer dúvidas de que acontecerá uma duplicação total entre a Nissan e a Honda”.

No entender do ex-CEO, “não há aqui qualquer complementaridade” e “se quiserem criar alguma sinergia, será, muito provavelmente através da redução de custos, evitando a duplicação de planos e de tecnologia. E todos sabemos que, quem vai pagar os custos de tudo isto, será o parceiro mais pequeno, ou seja, a Nissan”.

Quanto às garantias deixadas de pelo CEO da Honda, Toshihiro Mibe, de que a fusão só avançará caso as duas companhias mostrem capacidade de se aguentar pelos seus próprios meios, Carlos Ghosn responde dizendo ter “grandes dúvidas” quanto à capacidade da Nissan de inverter a situação difícil em que se encontra. Mesmo com o plano de reestruturação apresentado em novembro último.

Este plano, recorde-se, prevê a eliminação de 9.000 postos de trabalho e a redução da produção global da Nissan em 20 por cento, de forma a que companhia “perca gorduras e se torne mais resiliente”.

Seja como for e mesmo continuando escondido, ao que tudo indica, no Líbano, devido aos problemas que ainda mantém com a Justiça japonesa e francesa, Carlos Ghosn promete continuar a arremessar contra aquilo que considera ser uma “carnificina”. E em que a Nissan será a (suposta) vítima…