E se a moda pega? Londrinos vandalizam câmaras de controlo de entradas

A introdução de um número cada vez maior de câmaras de controlo de velocidade e de entradas em zonas de baixas emissões pode deixar muitos

A introdução de um número cada vez maior de câmaras de controlo de velocidade e de entradas em zonas de baixas emissões pode deixar muitos condutores irritados e a reagir de forma menos ortodoxa, vandalizam equipamentos, como está a suceder em Londres. Se a moda pega…

Os ingleses são conhecidos por serem polidos, corteses e educados, mas, o caso muda de figura quando se trata de pagar diariamente 12,50 libras (14,65 euros), para acederem à zona de emissões ultra-baixa de Londres (Ultra Low Emission Zero), que, desde 29 de agosto, foi alargada a toda a área metropolitana da capital britânica.

Além disso, quem pretender entrar no centro da cidade entre as 7h00 e as 18h00 de segunda a sexta-feira, e das 12h00 às 18h00 aos sábados. domingos e feriados, terá de pagar mais 15 libras (cerca de 17,50 euros) de Congestion Charge 

Confrontados com um pagamento que pode ultrapassar os 30 euros para entrarem no centro de Londres, alguns ativistas londrinos decidiram passar à ação e destruir as câmaras que fazem a leitura das matrículas à entrada das zonas de emissões baixas e ultra-baixas. A medida aplica-se a todos os veículos a gasolina que não cumpram a norma Euro 4 ou diesel que não sejam Euro 6.

Câmaras destruídas em Londres

A Polícia Metropolitana da capital britânica revelou que centenas de câmaras que lêem matrículas foram danificadas, desligadas ou roubadas. Uma reportagem da ABC News afirma que a situação atingiu contornos políticos e existe mesmo um grupo de vândalos vigilantes, que se auto-intitula "The Blade Runners" que publica videos nas redes sociais, onde são mostradas filmagens de fios cortados ou caixas danificadas de ULEZ Até 1 de agosto deste ano foram registadas pelas autoridades 288 ocorrências deste género.

"As câmaras vão continuar a ser destruídas", afirmou Nick Alert, um ativista que organizou protestos contra a taxa do ar limpo. Em declarações à ABC News não condenou nem condena o vandalismo, afirmando que as "pessoas estão zangadas". Na mesma reportagem, Anna Austen, uma mãe trabalhadora, confia no seu automóvel diesel com 15 anos para levar os filhos à escola e ir para o trabalho. "Vai tornar as pessoas ainda mais pobres", afirma. "Não tenho dinheiro para pagar as multas nem para trocar de carro".

Taxa ambiental

A Congestion Charge foi introduzida no centro de Londres em 2019 e tem vindo a ser alargada ao resto da cidade, passando a abranger mais de meio milhão de habitantes. Os residentes terão de pagar uma taxa de 14,65 euros por dia para entrar na cidade se o carro não cumprir os níveis de emissões mais exigente.

A maioria dos automóveis a gasolina produzidos antes de 2006 e dos diesel fabricados antes de 2015 têm de pagar uma taxa diária, que será agravada em 17,50 euros para acesso à zona central de Londres. Quem não cumprir a lei terá de pagar uma multa de 180 libras (209,50 euros), que poderá ser reduzida para metade se for paga no prazo de 14 dias.

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Este não é o primeiro caso em que as câmaras de velocidade são vandalizadas. O mesmo já aconteceu na Suécia com os radares de velocidade, que eram roubados para que venda dos semicondutores (chips) no mercado negro, os quais, alegadamente, tinha como finalidade a utilização em drones russos na Ucrânia.

Resta saber se esta moda também entre nós, especialmente numa altura em que não só aumenta o número de radares de velocidade instantânea, como entraram em operação dos de velocidade média. Estes últimos até já acabaram em França porque não são rentáveis. O sistema é caro na aquisição e manutenção, sendo necessárias várias câmaras de registo de matrículas.