Ao volante e com preços! BYD Dolphin é o EV chinês que vai agitar os mares

Chama-se Dolphin, 'Golfinho' em português, e promete ser o modelo EV com que a chinesa BYD agitará um mar com vez mais tubarões. Será?

Chama-se Dolphin, que em português significa 'Golfinho', e promete ser o modelo com que a chinesa BYD agitará um mar cada vez mais cheio de tubarões. Sendo que, no caso deste EV chinês, até mais do que a condução, é o equipamento, a autonomia, e, especialmente, o preço, que vai causar agitação!

Embora ainda desconhecida da maioria dos portugueses, a verdade é que a BYD, acrónimo de 'Build Your Dreams', é, já hoje em dia, um player de respeito em áreas como a Tecnologia ou a Inovação, graças a uma atividade que vai desde a Electrónica às Novas Energias, dos Transportes Ferroviários ao Automóvel. E não apenas na China, onde tem sido líder de vendas de Veículos Elétricos (EV) e Híbridos Plug-In (PHEV) nos últimos nove anos, mas também pelo mundo, depois de, em 2022, ter vendido perto de 1,9 milhões de veículos a energias alternativas.

Em Portugal, onde o grupo chinês dá agora os primeiros passos, através de uma parceria com o Grupo Salvador Caetano, a estreia fez-se com a abertura de dois concessionários (Lisboa e Porto) e uma gama de três modelos 100% elétricos: o Atto 3, um crossover para o segmento C; o Tang, um SUV de sete lugares; e o Han, uma berlina topo de gama. Propostas a que se juntará em breve o modelo que, acreditam os responsáveis da BYD, contribuirá definitivamente para o disparar das vendas em mercados como o português - o Dolphin.

A gama da BYD contará, ainda durante este ano, com cinco modelos: além do Tang, do Han e do Atto 3, o Dolphin e o Seagull também estão a caminho
A gama da BYD contará, ainda durante este ano, com cinco modelos EV: além do Tang, do Han e do Atto 3, o Dolphin e o Seagull também estão a caminho

Proposta que, em conjunto com a futura berlina EV para o segmento D, de nome Seagull, compõe as chamadas 'Ocean Series', veículos cuja estética vai buscar a influência ao meio marinho, o BYD Dolphin é um hatchback apontado ao mais importante segmento do mercado europeu, o dos familiares compactos (C), que, num corpo com 4,29 m de comprimento e 2,70 m de distância entre eixos, prima por um design exterior sem grandes inovações estilísticas. Ainda que bem equilibrado na forma como conjuga o design "Ocean Aesthetics" (observado de perfil, a BYD garante que as linhas cruzadas remetem para um golfinho a saltar), com soluções hoje em dia muito em voga, como é o caso dos farolins traseiros interligados entre si e com um desenho interior específico.

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Ainda no exterior, mas apenas para a versão de topo, uma pintura bicolor, também ela inspirada nos golfinhos e a incluir o capot dianteiro, ao invés dos pilares, a que se soma ainda as jantes de 16" (ou 17"), revestidas por uns pouco conhecidos pneus Linglong 205/50, que, haveríamos de descobrir mais tarde, também mostraram uma certa apetência para a "cantoria"...

As novidades que não se vêem

Na verdade, a maior novidade até está longe dos olhos e, mais concretamente, na arquitectura que serve de base a este Dolphin. E que começa, desde logo, na inovadora e-Platform 3.0, criação da própria BYD, que, além de específica para veículos elétricos, não só de comprimentos variados, mas também com um ou mais motores, de tracção dianteira (é o caso do Dolphin) ou 4x4, integra ainda, como elemento estrutural, as não menos inovadoras baterias sem cobalto, de fosfato de ferro-lítio (LFP), batizadas de Blade.

O Dolphin é um EV fabricado na totalidade com recurso à inovação alcançada pela BYD
O Dolphin é um EV fabricado na totalidade com recurso à inovação alcançada pela BYD

O nome, mais do que uma escolha aleatória, tem a ver com a disposição das células em filetes tipo lâmina, dispostos dentro de um invólucro especialmente fino (apenas 12 cm) e cuja solução química LFP garante, segundo o fabricante e face à mais vulgar tecnologia de iões de lítio, mais segurança, estabilidade térmica, durabilidade e densidade, além de um consumos de energia mais baixo.

Finalmente, a juntar a estas duas inovações, a tecnologia de propulsão elétrica igualmente patenteada pela BYD e que se traduz num sistema 8 em 1, a integrar num só elemento a Unidade de Controlo do Veículo, o Sistema de Gestão da Bateria, a Unidade de Distribuição de Energia, o Motor de Tracção, o Controlador do Motor, a Transmissão, DC-DC e o Carregador de Bordo. Integração que, garante o fabricante, permite uma eficiência na ordem dos 89%, tal como a bomba de calor de alta eficiência aumenta a eficiência térmica, no Inverno, em até 15%.

Um habitáculo personalizado

Chegado o momento de entrar no habitáculo, a constatação de um acesso mais fácil aos lugares da frente, já que, atrás e apesar do piso plano, com espaço convincente para pernas, é a necessidade de baixar a cabeça ao entrar, assim como a não muita distância entre a cabeça e o tejadilho, que se faz notar.

O Dolphin tem um habitáculo bastante mais personalizado que o exterior... e com um ecrã central rotativo que promete fazer as delícias da família!
O Dolphin tem um habitáculo bastante mais personalizado que o exterior... e com um ecrã central rotativo que promete fazer as delícias da família!

Aos comandos, uma posição de condução ligeiramente elevada, mas confortável, graças a um banco em couro vegan (de série) razoavelmente envolvente e de ajustes elétricos, além de um volante de óptima pega, tricolor, com comandos físicos (não muito intuitivos ou funcionais), mas também ajustável, tanto em altura, como em profundidade.

De resto, é também aí que nos apercebemos de alguns dos aspectos mais marcantes, nesta nova linguagem de design, como é o caso da manete interior da porta, inspirada na barbatana lateral do golfinho e surpreendentemente fácil de utilizar. Ou, ainda, das quatro saídas de ar redondas, fortemente destacadas num tablier de linhas angulosas, e onde não faltam alguns espaços de arrumação abertos, assim como dois conjuntos de comandos arredondados: o da consola central, para accionamento dos modos de condução, regulação da intensidade da recuperação de energia e ajuste, tanto do ar condicionado, como do som, e o que figura entre os bancos, para accionamento do travão de estacionamento ou desligar o ESP, entre outros. Todos eles primando bem mais pela invulgaridade da forma, do que propriamente pela facilidade de accionamento.

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Contudo e num ambiente em que, apesar dos plásticos, consegue sentir-se alguma solidez, além de luminosidade, neste último caso, graças não só à cor, como também ao generoso tecto panorâmico em vidro (de série apenas na versão de topo), elogios, igualmente, para o equipamento completo, com várias entradas USB-C espalhadas pelo habitáculo, base de carregamento wireless, além de um painel de instrumentos digital e a cores, ainda que demasiado pequeno, não configurável, e com excessiva informação, transmitida através de símbolos muito pequenos. Tornando ainda mais atraente o generoso ecrã central táctil de 12,8", rotativo electricamente sobre si mesmo (tanto pode ficar na vertical, como na horizontal, bastando, para tal, pressionar um botão), mas também a exigir algum tempo de habituação para passar a encontrar, mais facilmente, entre tantos menús e sub-menús, as opções pretendidas.

Já na bagageira e apesar das curtas extensões, tanto à frente, como atrás, uma capacidade que começa nos 345 litros, com bom plano de carga, e que beneficia ainda da possibilidade de rebatimento 60/40 das costas dos bancos traseiros, no seguimento do piso. Elevando, assim, para 1.310 litros, o espaço disponível para transportar de quaisquer cargas.

Familiar de potência discreta

Iniciada a condução por um trajecto pré-definido, de cerca de 140 quilómetros, e que nos levou por auto-estradas e percursos insinuantes de montanha em redor de capital espanhola, Madrid, não foi preciso mais do que algumas centenas de metros para estranharmos o forte silvo que, viríamos a descobrir, é o som escolhido pelo fabricante como alerta de aproximação, para peões. Mas que, neste Dolphin, nos pareceu exageradamente alto, inclusive, no interior do habitáculo.

Abaixo dos 20 km/h, o Dolphin emite o tradicional sinal sonoro de alerta para peões... mas muito alto!
Abaixo dos 20 km/h, o BYD Dolphin emite o tradicional sinal sonoro dos EV para alerta dos peões... mas muito alto!

No entanto e porque o sistema só se manifesta abaixo dos 20 km/h, bastou a vontade de descobrir o que poderiam valer os 204 cv do hatchback chinês, ou até mesmo a promessa de acelerações dos 0 aos 100 km/h em apenas 7s, para que o barulho fosse esquecido. Passando a dar atenção, sim, à forma despachada e ágil como o Dolphin evoluía, ainda que privilegiando invariavelmente o conforto e bem estar dos ocupantes, do que propriamente uma grande eficácia dinâmica. Notando-se, inclusivamente e não apenas nas partes mais sinuosas do trajecto, mas também nas travagens mais fortes (algo que não é difícil, já que o pedal não transmite qualquer feeling...), algumas transferências de massas, que só acentuam a utilização mais familiar que o modelo claramente prefere.

Quanto aos consumos e levando em linha de conta um trajeto em que condução foi feita por dois condutores diferentes, percorrendo todos os modos de condução (Normal, Eco e Sport, sendo que poucas diferenças se notam entre si), alternando entre os níveis de recuperação de energia (accionáveis através de botão na consola central, está disponível o Standard e o High), e até fazendo, de quando em vez, umas acelerações mais enérgicas, uma média que variou entre os 20 kWh/100 km após o cumprir do primeiro quarto do trajecto, totalmente em auto-estrada, e os 14,3 kWh/100 km registados no fim da viagem. Neste caso, já com a parte da estrada de montanha, mais sinuosa, mas também mais favorável a acção do sistema de recuperação de energia, contemplada e a permitir um claro descer dos consumos.

Equipado com a bateria maior, o Dolphin é um EV a anunciar mais de 420 quilómetros de autonomia
Equipado com a bateria maior, o BYD Dolphin é um EV a anunciar mais de 420 quilómetros de autonomia

Especificamente no caso das versões com bateria maior (60,4 kWh), outra vantagem importante é não somente a autonomia anunciada de 427 quilómetros, mas também a possibilidade de recuperar entre 30 e 80% da capacidade, em apenas 29 minutos de ligação a uma tomada de 100 kW DC.

A gama em Portugal

Em Portugal, o BYD Dolphin vai estar disponível em quatro versões - Advance, Boost, Comfort e Design -, as quais diferem entre si nos níveis de potência e equipamento, além de e segundo o respetivo posicionamento em termos de gama, no tamanho das baterias.

Assim e começando na versão de entrada, Advance, que é também a menos potente (95 cv) e com uma bateria LFP mais pequena (44,9 kWh), a prometer 340 km de autonomia WLTP, a presença, também e no equipamento de série, de itens como as jantes em liga leve bicolores de 16", o ecrã central rotativo de 12,8", do pacote de ajudas à condução de Nível 2 (Aviso de Colisão Frontal, Travagem Autónoma de Emergência, Aviso de Colisão Traseira, Alerta de Tráfego na Retaguarda do Veículo com Assistência, Sistema de Aviso de Saída Faixa de Rodagem e Sistema de Manutenção à Faixa de Rodagem), do sistema da câmaras exteriores com visão 360° e dos bancos revestidos a pele Vegan, com ajustes elétricos.

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Acima do Active, surge o Boost, que, embora recorrendo à mesma combinação motor/bateria, oferece mais potência (176 cv) e menos autonomia (310 km WLTP). Além de acrescer ao equipamento de série enunciado pela versão anterior, jantes bicolores maiores (17") e suspensão traseira Multi-link.

Já com bateria maior, de 60,4 kWh, e uma potência declarada de 204 cv, o Comfort, que adiciona aos equipamentos atrás referidos, dois radares de estacionamento à frente, mais um sistema áudio de seis colunas e bancos dianteiros aquecidos. Com a oferta a terminar na versão por nós conduzida, Design, a qual, sem alterações no trem de força ou bateria, acrescenta a tudo já citado, pintura bicolor no exterior, jantes de 17" de design específico, tecto panorâmico, vidros traseiros escurecidos e prateleira de carregamento wireless para smartphones.

Disponível em julho... por 29.990€!

Relativamente à introdução no mercado nacional, os responsáveis da BYD em Portugal têm previsto dar início às pré-vendas já no próximo mês de julho, ainda que as expectativas sejam de que só existam carros nos concessionários, lá mais para o final do ano. Muito provavelmente, em setembro.

Ainda assim e segundo a TURBO apurou, nem todas as versões vão estar disponíveis desde os primeiros dias, sendo que, a aposta inicial, passará pelo topo de gama, Design. Até porque, as restantes versões, só deverão chegar um pouco tarde, possivelmente, já no início de 2024.

https://youtu.be/KQRafloc828

Mas se este facto não preocupa, tal tem a ver com a estratégia de preços verdadeiramente competitiva, que a marca chinesa acaba de revelar. E que, mais uma vez, começa na versão Active, que promete chegar ao mercado nacional por 29.990€... ainda antes de qualquer dedução ou apoio estatal!

Quanto às restantes versões, surpresas não menos positivas, com o Boost a começar nos 30.690€, o Comfort nos 35,690€, e, finalmente, o topo de gama Design, nos 37.690€.

Finalmente e a acrescer a estes preços, o facto do construtor chinês oferecer uma garantia geral de 6 anos ou 150.000 km, com a bateria de beneficiar de mais dois anos e 200.000 km (altura em que, diga-se, também deverá ostentar ainda 70% da sua capacidade inicial), enquanto o motor elétrico e respectivo sistema de gestão beneficiam de 8 anos ou 150.000 km.

Tudo vantagens que, reconheça-se, torna mais fácil compreender a confiança dos responsáveis da BYD de que será possível vender mais de 2.500 unidades deste "golfinho" num ano completo, em Portugal...