Os veículos elétricos chineses estão a receber subsídios diretos, segundo alega Bruxelas que diz ter provas acerca da "transferência direta de fundos" por parte do Governo de Pequim, no âmbito de uma investigação que está atualmente em curso. China ameaça retaliar e a conversa está mesmo a azedar.
A União Europeia alega ter provas de pagamento diretos e outros subsídios aos fabricantes de veículos elétricos chineses e poderá impor tarifas retroativas para proteger os fabricantes europeus.
Bruxelas acrescenta que o governo chinês está a subsidiar as exportações para a Europa através da "transferência direta de fundos" e de outros mecanismos como receitas do Estado "perdidas ou não cobradas", fornecimento de bens e serviços do Estado "por valores inferiores aos adequados".
A Comissão Europeia alega que as exportações chinesas constituem "circunstâncias críticas" através de "importações maciças num período relativamente curto". Entre outubro de 2023 e janeiro de 2024 registaram-se 177 839 importações, um crescimento de 11% face ao período de investigação entre outubro de 2022 e setembro de 2023.
As importações cresceram 14% entre outubro e janeiro face a período homólogo do ano anterior, sublinha a Comissão Europeia.
Tarifas na calha
Se as importações da Chinesa continuaram ao ritmo atual, os fabricantes da União Europeia poderão enfrentar diminuição nas vendas e níveis inferiores de produção. A Comissão Europeia argumenta que tal poderá "afetar negativamente o emprego e a produção total dos fabricantes da União Europeia".
Se a investigação da Comissão Europeia demonstrar que os veículos elétricos fabricados na China estão a receber subsídios, Bruxelas poderá aplicar tarifas para proteger os fabricantes europeus.
O processo deverá estar concluído até novembro, embora a União Europeia possa aplicar tarifas provisórias em julho. Contudo, Bruxelas afirma que ainda não pode fazer estimativas quanto ao valor das potenciais tarifas.
As marcas chinesas, incluindo a BYD e a MG, estão a lançar veículos com preços competitivos na Europa, aumentando a pressão sobre construtores generalistas como a Stellantis e o Volkswagen Group.
Pequim já reagiu
A BYD, que destronou a Tesla do título de maior fabricante mundial de veículos eletrificados no ano passado, anunciou em dezembro que irá construir uma fábrica de automóveis na Hungria para aumentar as vendas da Europa.
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A China, por seu lado, ameaça retaliar se forem aplicadas as tarifas e começou por lançar a sua própria investigação anti-dumping acerca das importações de brandy da União Europeia. A medida é encarada como uma resposta face à França, que tem apoiado a investigação acerca dos veículos elétricos.