Numa altura em que a guerra na Europa mostra (também) os perigos da dependência de um só fornecedor, produto ou combustível, a alemã Bosch, hoje em dia um dos fornecedores de baterias para veículos elétricos (EV), lança o alerta aos fabricantes automóveis: é importante que estes não centrem todos os seus esforços numa só fonte de combustível ou tecnologia!
O alerta foi feito, em entrevista ao jornal alemão Stuttgarter Zeitung, pelo responsável máximo pelos serviços de mobilidade da empresa Robert Bosch S.A., Markus Heyn. Que, nestas suas declarações, destacou a forma como a grande maioria dos construtores automóveis estão a direccionar praticamente todos os seus esforços para as células de baterias.
"Estamos, atualmente, a assistir às consequências da escassez de gás para a Alemanha e muitos outros países da Europa, simplesmente porque não nos preocupámos em manter um leque alargado de alternativas", salientou Heyn, que é, igualmente, membro do Conselho de Administração da Bosch. Acrescentando que, "no caso da indústria automóvel, devemos aproveitar esta oportunidade para nos questionarmos sobre o que poderemos fazer, a partir do momento em que as células para as baterias [dos veículos elétricos] comecem a escassear".
Caso tal venha a acontecer, "todos vamos certamente gostar de ter à mão uma alternativa à bateria, mas a verdade é que, isso só acontecerá, se prepararmos essa solução alternativa, em tempo útil".
De resto, Heyn não deixou, inclusivamente, de apontar algumas das alternativas possíveis às atuais baterias, citando, por exemplo, o caso das células de combustível que utilizam hidrogénio ou oxigénio. Solução cuja infraestrutura já está a ser desenvolvida, neste caso, para camiões de longo curso, recorda o mesmo responsável, mas que também pode funcionar como uma espécie de "espinha dorsal de um futuro sistema de fornecimento para ligeiros de passageiros".
Bosch vai continuar a investir
A Automotive News Europe recorda que a Bosch tem previsto investir mais de 200 milhões de dólares na produção de células para pilhas de combustível nos EUA, nomeadamente, expandindo uma instalação de fabrico que já possui em Anderson, na Carolina do Sul. Mas que só deverá entrar em funcionamento, na plenitude, a partir de 2026.
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Vale a pena também recordar que as baterias estão entre os componentes que mais contribuem para elevado preço final dos veículos elétricos, sendo que, o evoluir da tecnologia tem permitido ganhos consecutivos anuais na eficiência.
Contudo e à medida que o custo das matérias primas tem vindo a aumentar, são as previsões dos fabricantes automóveis, de que os veículos elétricos poderiam apresentar em breve uma margem semelhante à dos veículos a combustão, que começa a ficar em causa.