De regresso ao alinhamento da BMW, depois de duas décadas de ausência, o Série 8 representa o expoente máximo do luxo e tecnologia do construtor de Munique. Um GT puro sem concorrência direta para esta versão diesel BMW 840d xDrive Coupé
Habituados à recente tendência da BMW para baralhar e voltar a dar as designações das gamas, acompanhámos com naturalidade o longo e bem documentado desenvolvimento do novo Série 8.
Mais do que a mera renomeação do Série 6, que passa a ser "apenas" uma berlina de cinco portas com estilo coupé, depois de ter nascido como a versão coupé de três portas do Série 5, o Série 8 posiciona-se mais acima. É a nova referência dinâmica de luxo para quem gosta de conduzir, da mesma forma que o Série 7 é a referência de conforto para quem gosta de ser conduzido.
Um posicionamento ousado que coloca a gama em competição com o Mercedes Classe S Coupé ou mesmo o Bentley Continental GT Coupé, mas deixa esta versão Diesel sem concorrência direta.
Bem proporcionado, o BMW 840d xDrive Coupé é o epítome do Gran Turismo do século XXI.
Mede 4,84 metros de comprimento, por um 1,90 m de largura e 1,34 m de altura. Ligeiramente mais comprido que o Bentley Continental GT e um pouco mais curto que o Mercedes S Coupé.
A distância entre eixos chega aos 2,82 m, sem qualquer benefício para a habitabilidade dos dois lugares traseiros. Muito afetados pela curva descendente do tejadilho, aqueles servem apenas para crianças ou como complemento dos 420 litros da mala.
Bem equipado
Na base da nova família 8 está a arquitetura mista Cluster Achitecture, aparentada com a do Série 7, combinando aço de elevada resistência com alumínio, magnésio e plástico reforçado por fibra de carbono.
Uma construção que mantém o peso abaixo das duas toneladas e dos rivais, em especial do Bentley, onde a diferença chega aos 300 kg. E apesar de todas as poupanças, o Série 8 não é leve. Nem podia ser, tendo em conta a surpreendente lista de equipamento de série, onde não falta tração integral permanente, o eixo traseiro direcional ou o amortecimento adaptativo.
Elementos que ajudam a suavizar os 130 500 € do BMW 840d xDrive Coupé.
Curiosamente, contrariando a tendência do segmento de luxo, a suspensão independente nos dois eixos não tem amortecimento pneumático. As molas são sempre de aço, por esta ser solução ser considerada mais desportiva.
A Mercedes e a Porsche provam o contrário, mas não vamos entrar em polémicas.
A única opção relacionada com a suspensão são as barras estabilizadoras ativas e só está disponível para o 850i.
Suspensão firme
Sem almofadas pneumáticas, o Série 8 pisa sempre seco. Não chega a ser desconfortável ou a ter perdas de motricidade provocadas pelo saltitar das rodas, mas transmite demasiadas vibrações.
Empedrado, juntas de dilatação ou tampas de saneamento fazem-se sentir com intensidade no interior.
Seria de esperar que um coupé tão firme fosse fácil de interpretar, mas o 840d não é transparente. Exige tempo e quilómetros para se dar a conhecer.
Numa primeira impressão parece brusco. O eixo traseiro direcional, denominado Integral Active Steering, tem um funcionamento mais artificial que o da Porsche.
O resultado final, maior agilidade em zonas encadeadas e estabilidade a toda a prova em curvas a alta velocidade, é idêntico. A apresentação é que é mais natural no Panamera ou mesmo no Cayenne.
Depois de apanhar o jeito ao volante o 840d é todo eficácia. Despacha as zonas fechadas e encadeadas como se girasse sobre um pivot central, colando-se às curvas longas e rápidas com uma estabilidade inabalável.
Com os Michelin Pilot Sport3 bem quentes (245/35 R20 à frente e 275/30 R20 atrás) e a garra reforçada da tração integral, o 840d pede sempre mais acelerador.
Numa conjuntura mais favorável à gasolina e às soluções híbridas, que não foram postas de parte para este Série 8, a aposta no Diesel deixou o 840d sem concorrentes diretos.
Um posicionamento que reforça a ideia de que este não é um coupé para o "track day". Um verdadeiro GT para desfrutar durante grandes viagens.
Ensaio publicado na íntegra na Turbo 450