Numa altura em que a Tesla está a ser criticada, nos EUA, devido à possibilidade dos seus veículos com AutoPilot poderem circular, inclusivamente, sem alguém no banco do condutor, eis que a Consumer Reports acaba de confirmar, in loco, essa mesma possibilidade!
A polémica começou no início desta semana, quando a polícia do Texas admitiu a possibilidade de, um Tesla Model S, envolvido num acidente que acabou resultando na morte dos dois passageiros, seguir, na altura, sem alguém ao volante.
Embora com as investigações ainda a decorrerem, a divulgação do caso acabou despoletando críticas à marca de Palo Alto, com Elon Musk a, inclusivamente, responder, no Twitter, que o carro em questão nem sequer estaria equipado com a versão mais evoluída do AutoPilot. Sendo que, "os registos de dados recuperados até agora, mostram que o piloto automático não estava ativado", concluiu.
Contudo e na tentativa de esclarecer todas as dúvidas, a associação de consumidores norte-americanos Consumer Reports resolveu agarrar num Tesla Model Y e, num traçado fechado, fez o teste. Acabando por confirmar que o AutoPilot pode, efectivamente, ser enganado.
Segundo revela agora a publicação, o "suposto" condutor, o director de testes da Consumer Reports, Jake Fisher, começou por encaixar o cinto de segurança e sentar-se em cima deste, para, em seguida, colocar um pequeno peso, a simular a pressão da mão do condutor, no volante. Isto, ao mesmo tempo que accionava o piloto automático.
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Com o carro já em andamento e sem poder abrir as portas, até porque isso levaria ao desligar do Autopilot, Fisher deslizou para o banco do passageiro da frente, a partir do qual conseguiu, inclusivamente e recorrendo ao botão no volante que controla também a velocidade, acelerar totalmente o veículo, antes de fixar a velocidade de 0 km/h, para assim levar o Model Y a imobilizar-se sozinho. Tudo isto, sem que alguém estivesse sentado no banco do condutor!
Completado o teste, o director de testes da Consumer Reports revelou que "o carro circulou ao longo de toda a pista de 800 metros, em ambos os sentidos e de forma repetida, sem que o sistema nunca se tenha apercebido que não estava ninguém sentado no banco do condutor, que não estava ninguém a segurar no volante, que o assento não tinha o mais pequeno peso."
Mais do que demonstrar a possibilidade do Tesla Model S acidentado poder estar a circular, no momento do acidente, sem qualquer pessoa ao volante, o teste da associação norte-americana vem reafirmar a ideia, segundo a qual, os proprietários de veículos Tesla são conhecidos, nos Estados Unidos, por "hackear" o sistema de direcção autónoma. Entregando a responsabilidade exclusiva da condução, a este mesmo sistema.
Aliás, são diversos os vídeos no YouTube em que, proprietários de veículos Tesla equipados com a versão mais completa do AutoPilot, utilizam uma garrafa de água, para "imitar" a pressão da mão humana no volante, de forma a colocarem o carro a conduzir sozinho.
De resto e a procurar contrariar esta tentação, até porque o sistema de condução não é, apesar do nome, totalmente autónomo, a própria Tesla veio já afirmar publicamente que, "tanto o piloto automático, como a capacidade de direção autónoma total, destinam-se a ser utilizadas por um condutor permanentemente atento, que mantém as mãos no volante e está preparado para assumir o comando, a qualquer momento. Embora estes recursos tenham sido pensados para se tornarem cada vez mais capazes, com o passar do tempo, a tecnologia atual não torna o veículo autónomo. "
Quanto ao teste da Consumer Reports, procura, também, pressionar a Tesla para monitorar os condutores dos seus veículos e garantir que, mesmo com o apoio do AutoPilot, estão, permanentemente, a prestar atenção à condução. Ou, pelo menos, sentados no banco do condutor.
"A Tesla está a ficar para trás, face a outros fabricantes de automóveis, como a GM ou a Ford, os quais, embora oferecendo este tipo de sistemas de assistência ao condutor, também usam tecnologia para garantir que o condutor permanece a olhar para a estrada", recorda o director de testes da Consumer Reports.