País (também) conhecido, entre os automobilistas europeus, pelas suas "famosas" autobahns sem limite de velocidade, a Alemanha pode, no entanto, estar prestes a mudar de realidade. Isto porque, segundo avança a emissora alemã Deutsche Welle (DW), a maioria dos alemães são, hoje em dia, favoráveis à instauração de limites de velocidade em todas as auto-estradas.
A conclusão é de uma sondagem levada a cabo pela televisão pública alemã ARD, segundo a qual 60% dos alemães são hoje em dia favoráveis ao fim das famosas auto-estradas(autobahns) sem limite de velocidade e à consequente imposição de limites de velocidade em todas as vias. Embora, acrescente-se, não pela razão que, à partida, poderá ser a mais óbvia...
De acordo com o mesmo inquérito, a razão deste apoio prende-se, não com questões de segurança rodoviária, mas com motivos ambientais. Com os alemães inquiridos a assumirem preferir a imposição de um limite de velocidade de 130 km/h, como forma de reduzir as emissões do país, do que sofrerem outras penalizações fiscais, como seja o aumento da tributação na carne e nos laticínios.
De resto, o apoio a esta medida de instauração de limites de velocidade nas autobahns, relativamente à qual apenas 38% dos inquiridos se mostraram contra, tem vindo a ganhar peso. Registando, só nos últimos quatro meses e segundo noticia a também alemã Deutsche Welle (DW), uma subida de três pontos percentuais, nas opiniões favoráveis.
Democratas liberais são contra
Numa altura em que a Alemanha prepara novo Executivo federal, na sequência do fim da chamada "era Merkel", os alemães dão, assim, a conhecer a sua posição, face a algumas das medidas que poderão estar em cima da mesa, nas negociações para formar novo governo. Ainda que, com a oposição a medidas como esta, a encontrar defensores dentro dos próprios partidos presentes nas conversações.
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Aliás e segundo também avança a DW, um dos partidos que poderá fazer parte da futura coligação governamental, os democratas liberais da FDP, deixou já claro que se opõe à introdução de limites de velocidade nas auto-estradas que hoje em dia não estão sujeitas a esse condicionalismo. Com o líder do partido, Christian Lindner, a defender publicamente, numa publicação na rede social Twitter, que, não só tais limites são "desnecessários", como "seria melhor ter limites de velocidade temporários, com base em perigos ocasionais, como estrada molhada ou tráfego intenso".
No entanto e com todos os partidos presentes nas negociações a expressarem o desejo de fazer mais para proteger o Meio Ambiente, um trabalho, entretanto publicado, da Technical University de Dortmund, veio dar força aos defensores da medida. Com o seu autor, o investigador em Políticas de Transporte e Climáticas, Dr. Giulio Mattioli, a defender que "estudos estimam que a redução de emissões [por meio da imposição de limites de velocidade] seria de cerca de dois milhões de toneladas por ano".