Até há bem pouco baseado nos motores Diesel, o Audi Q3 iniciou já a transição para Mobilidade Elétrica, nomeadamente, através de um híbrido plug-in com a designação 45 TFSIe S tronic. Mas que também levanta a questão: especialmente sem a exuberância dos níveis de equipamento de topo, poderá esta ser uma solução válida e atraente?...
Proposto naquela que é a versão base, acrescida de não mais que alguns opcionais como é o caso do pintura metalizada (850€), das jantes em liga leve de 18" (850€), ou ainda do Pacote Advance (1.000€), quase apetece dizer que esta será, mesmo, a melhor forma de conhecer as verdadeiras e reais capacidades da uma proposta como este Audi Q3 - sem disfarces ou truques (de equipamento), mas apenas com aquilo que verdadeiramente faz parte e esta na génese deste SUV alemão...
Assim, confirmada fica, desde já, a presença da tradicional grelha frontal Singleframe, ainda que numa variante menos exuberante mas, ainda assim, com uma moldura metalizada escovada, além de ópticas recortadas, embora sem o toque tecnológico resultante da aplicação da mais evoluída soluções de iluminação; apenas LED standard.
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Já na traseira, a imagem de solidez que faz parte do ADN do modelo, complementada por farolins recortados, mas também sem qualquer ponteira de escape, ou até mesmo imitação, à vista..
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Comparado com os restantes irmãos com motores apenas térmicos, uma só alteração e que, ainda assim, a cor exterior Preto Mythos que o nosso Q3 envergava, se esforçava por disfarçar: uma tampa idêntica à da entrada do depósito de gasolina, colocada do lado do condutor, entre a roda da frente e a porta. E que, atrás de si, esconde a tomada através da qual se torna possível carregar as baterias do sistema elétrico.
Mais evidente do que isso, só mesmo a designação 45 TFSIe aplicada no portão da bagageira...
INTERIORDe resto e se o leitor for daqueles condutores que, embora assumindo uma saudável preocupação com o Ambiente, prefere fazê-lo de forma discreta e, preferencialmente, sem se destacar no meio da multidão, saiba que este é, muito provavelmente, o crossover híbrido plug-in que casa na perfeição com a sua personalidade. Já que, também no habitáculo, à excepção de um layout diferente exibido no atraente Audi Virtual Cockpit (um opcional, parte do referido pacote Advance), tudo o resto no habitáculo é igual ao das versões exclusivamente a gasolina!
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Assim, intocado permanece não só a construção sólida e com materiais de óptima qualidade, como as novas linhas marcantes e de arestas bem definidas estreadas com a atual geração do Q3, e das quais fazem também parte um ecrã central táctil a cores perfeitamente à superfície do frontal do tablier, os mesmos espaços de arrumação abertos, assim como os mesmos comandos (físicos) intuitivos e funcionais. Inclusivamente, no volante, de óptima pega, e que, em conjunto com um banco revestido a tecido, mas também com suficiente apoio lateral e todos ajustes básicos (manuais), consegue garantir uma posição de condução agradável e convincente.
Pior, só mesmo a visibilidade traseira, fortemente penalizada pelo posicionamento e dimensões do óculo traseiro, mas que, felizmente, a presença de uma câmara traseira (opcional...) ajuda a atenuar.
Já para os restantes passageiros, beneficiados logo à partida com um fácil acesso ao habitáculo, uma habitabilidade de bom nível, em particular, para quatro adultos. Isto porque, no banco traseiro, disposto tipo anfiteatro e com ajuste também em profundidade, o suposto lugar do meio faz questão de se afirmar como uma simples faixa de tecido a ligar os dois bancos laterais, ambos bem mais confortáveis. Sendo que, neste (mau) esforço, acaba sendo igualmente ajudado pela presença de um túnel de transmissão saliente.
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De resto, este tipo de limitações faz-se sentir, também, na bagageira, onde, devido à colocação das baterias por baixo do banco traseiro e parte da mala, a capacidade inicial de carga perdeu 150 litros face às versões com motores térmicos, caindo para os 380 litros - menos do que um BMW X1 xDrive25e (450 l) ou um Volvo XC40 T4 Twin Recharge (452 l). Algo que só o rebatimento 40/20/40 das costas dos bancos traseiros, no seguimento do piso da mala, consegue atenuar, aumentando, mesmo, o espaço disponível para cargas, para os 1.375 l.
MECÂNICAImpulsionado, neste caso, por um trem de força eletrificado, o Audi Q3 45 TFSIe tem na base, como a própria designação exterior deixa antever, um quatro cilindros 1,4 litros turbo a gasolina, a debitar por si só 150 cv de potência. Ao qual se junta, depois, uma componente elétrica, composta por um motor elétrico síncrono de imanes permanentes, a garantir 116 cv de potência, e uma bateria de iões de lítio de 13,0 kW de capacidade.
Atuando em conjunto, estes componentes garantem ao SUV alemão não apenas uma potência máxima combinada de 245 cv e um binário combinado de 400 Nm, como também a possibilidade de locomoção, em modo 100% elétrico, de até 59 km; isto, em circuito exclusivamente urbano, já que, em circuito combinado, o limite anunciado cai para 50 km.
Contudo, importa também referir que tudo isto são números oficiais, que a nossa realidade nem sempre confirmou. Pelo contrário e na sequência de um carregamento completo, a promessa inicial cifrou-se nos 55 km, mas para, depois e com a utilização ficar abaixo dos 50 km.
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Quanto às prestações, o anúncio de uma capacidade de aceleração dos 0 aos 100 km/h em 7,3 segundos em modo híbrido, graças também à eficácia de uma caixa automática S tronic de dupla embraiagem e seis velocidades, argumentos que acabam mostrando-se suficientes para, em termos de sensações ao volante, sentirmos a pressão contra o banco, em particular, nas acelerações a fundo. Faceta a que o SUV alemão soma ainda uma velocidade máxima de 210 km/h, ou, então, de 140 km/, quando em modo exclusivamente elétrico.
Quanto a consumos, a promessa de uma média oficial de 1,6 l/100 km com utilização dos dois motores, de combustão e elétrico, além de emissões de apenas 36 gramas de CO2 em cada quilómetros. Embora e nas nossas mãos, os consumos tenham subido ligeiramente para os 2,7 l/100 km, isto enquanto existiu energia nas baterias, para, em seguida, subir para os 6,4 l/100 km, numa altura em que era o motor de combustão a garantir a maior parte das necessidades, não apenas do conjunto, como até mesmo do sistema elétrico.
Chegado o momento de carregar as baterias e com o sistema a permitir somente o recurso a corrente alterna, com potências até 3,6 kW, a promessa, por parte da Audi, de que a capacidade total ficará reposta em qualquer coisa como 3,45 horas. Sendo que, a partir daí e já em viagem, a possibilidade de recorrer a uma de duas funcionalidades adicionais que esta versão possui: Battery Hold, que mantém um nível pré-definido de energia nas baterias, para utilização posterior, e Battery Charge, em que é utilizado o motor térmico para preservar um pouco mais a energia. Isto, de forma a fazer durar um pouco mais "a festa".
TECNOLOGIANaturalmente e por se tratar de uma versão base, este não será o item em que o Audi Q3 45 TFSIe mais impressionará. Desde logo, por relegar para a lista de opcionais algumas soluções tecnológicas que os clientes tendem a assumir, cada vez mais, como (quase) obrigatórias.
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É o caso, por exemplo, do atraente - também pela forma como exibe a informação - Audi Virtual Cockpit e que a marca propõe aqui através do pack Advance, o qual engloba, igualmente, a câmara traseira, os sensores de estacionamento à frente e atrás, ou ainda a Audi Smartphone Interface.
Aliás e no caso do ecrã central, parte do sistema de infoentretenimento MMI, com os seus ícones de design vanguardista, como também de fácil utilização (principalmente, devido às dimensões generosas...), esta opção Base faz-se notar, inclusive, através da ausência de funcionalidades como a navegação. O mesmo acontecendo, por exemplo, com o Cruise Control ou até mesmo com o botão Start!
"Mas, então, o que é que justifica esta opção?", poderá perguntar o leitor; ao que nós respondemos: "É o preço, naturalmente!...".
AO VOLANTEImpulsionado por um trem de força capaz de garantir alguma emoção, em particular, nas acelerações a fundo, o Audi Q43 1.4 TFSIe acresce a esta qualidade um desempenho que, não sendo desportivo, consegue ser estável, seguro e previsível. Tudo isto, com o contributo de uma direcção de bom peso e precisão, como também de uma suspensão que conjuga, de forma convincente, dois atributos nem sempre próximos - o conforto e a eficácia.
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Sujeito à utilização intensiva do dia-a-dia, gostámos, em particular, da agradabilidade e suavidade no funcionamento do sistema de propulsão, com motor de combustão e motor elétrico a trocarem protagonismo de forma quase imperceptível, e com o primeiro a ceder praticamente a totalidade das luzes da ribalta ao elétrico, nos arranques e deslocações a baixa velocidade. Sendo que, a partir do momento em que energia se esgota, há, igualmente, que elogiar o bom esforço do sistema de recuperação de energia para tentar conter um pouco os consumos, assim como a possibilidade de aproveitar o motor térmico para, seleccionando no MMI a opção Battery Charge, repor alguma energia (e quilómetros) nas baterias...
Finalmente e também à disposição do condutor, os mais vulgares modos de condução Comfort, Auto, Dynamic e Individual, neste caso, a adequarem, quer a resposta do trem de força, quer da direcção, entre o equilibrado e o desportivo. Princípios que mostram saber fazer notar as diferenças entre si, ainda que seja pelo equilíbrio e utilização quotidiana, que este Audi Q3 45 TFSIe mais se afirma...
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Em fase de transição para uma nova realidade... elétrica, este Audi Q3 TFSIe S tronic consegue assumir-se como uma convincente opção para quem procura um SUV com alguma vocação familiar, posicionamento premium, a par de uma elogiável e real preocupação com o Ambiente. Sendo que, levando também em conta a origem do modelo, até mesmo o preço, consegue ser mais interessante!...
Gostámos
Conforto vs. eficácia Mesmo tratando-se de uma versão base e, como tal, com não mais do que uma suspensão standard, a verdade é que este Q3 45 TFSIe não deixa de convencer na forma competente como consegue conjugar o conforto, com o bom desempenho dinâmico. Nomeadamente, no tipo de utilização para o qual foi concebido e que é a cidade. | Habitabilidade Especialmente a partir do momento em que assumimos que se trata de um SUV de quatro lugares, torna-se fácil sentirmos totalmente à vontade em qualquer um dos lugares deste Q3, sendo mesmo possível estender as pernas para baixo dos bancos dianteiros. | Preço Embora até possa parecer, à partida, uma qualidade discutível, é preciso não esquecer que, com estes quase 52 mil euros, temos entre mãos uma proposta premium, com todas a qualidades inatas daí resultantes, além de com um sistema de propulsão moderno, menos poluente, e com consumos muito aceitáveis! |
Não Gostámos
Autonomia EV É, sem dúvida, um dos aspectos a melhorar no sistema híbrido, já que, não só os números oficiais já são curtos, como depois e numa utilização real, as promessas de autonomia acabam ficando ainda mais aquém do anunciado. Sendo que, a concorrência, não está propriamente a dormir... | Equipamento Trata-se de uma versão Base, o que, a juntar ao facto de estarmos em presença de uma proposta Premium, faz, desde logo, com que as expectativas desçam consideravelmente. Com a confirmar a surgir, neste Q3, através não só da ausência de algumas tecnologias cada vez mais vulgares, como também da presença de soluções já pouco habituais, como é o caso da ignição com chave! | Bagageira Comparado com as versões com motores exclusivamente a gasolina, este Q3 45 TFSI anuncia uma perda de 150 litros na bagageira, deixando-o bem longe de rivais como o BMW X1 xDrive25e ou o Volvo XC40 T4 Twin Recharge. E, consequentemente, também de clientes que valorizem a capacidade de carga... |