Depois do anúncio da intenção de tornar-se 100% elétrica, a partir do início da próxima década, eis que também a Audi decide repensar estratégias, neste caso, para passar a admitir a manutenção dos motores a combustão, para além de 2033. Uma questão de flexibilidade, afirma...
A verdade é que não é o primeiro e, pelo andar das coisas, não será, garantidamente, o último a anunciá-lo – em entrevista à revista britânica Top Gear, o CEO da Audi, Gernot Döllner, defendeu a necessidade da marca de Ingolstadt manter-se "flexível", apostando já não apenas e só na mobilidade exclusivamente elétrica, mas também noutras soluções de propulsão livres de emissões.
No entanto e ainda segundo este mesmo prisma, o atual homem-forte da Audi não deixa de defender que, neste momento, "a única forma [de garantir tal exigência] é com um veículo a bateria".
Recorde-se que a marca dos quatro anéis anunciou, ainda em 2021, a intenção de levar a cabo a transição para uma oferta exclusivamente elétrica até 2033. Algo que vem agora suavizar, ao admitir a possibilidade de manter a oferta de motores a combustão, na sua gama, por um período mais longo que o inicialmente estipulado.
Entretanto, o fabricante alemão terá já tomado a decisão de aumentar a oferta de variantes híbridas plug-in, passando a disponibilizar a tecnologia em todos os modelos com motores a combustão. Solução que, na perspectiva do CEO da Audi, pode ser a ideal para manter a combustão em comercialização durante um período mais longo, até porque a implementação da mobilidade 100% elétrica não está a acontecer tão depressa quanto o previsto.
Audi não é a única
Vale a pena também recordar que, no seio do Grupo Volkswagen, a Porsche foi outra das marcas a salientar o facto da transição para a mobilidade elétrica não estar a ocorrer tão depressa quanto seria desejável. Admitindo que, neste momento, o objectivo de fazer com que os elétricos venham a representar mais de 80% das vendas, até ao final da presente década, depende do nível de procura por este tipo de veículos.
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Ainda no mesmo grupo automóvel, a Bentley decidiu atrasar, de 2030 para 2033, a data em que deixará de comercializar automóveis a combustão, ao mesmo tempo que adiou, igualmente, o lançamento do seu primeiro elétrico, para lá de 2025. Neste caso, com o argumento de "preocupações relacionadas com a plataforma" e com o software.
A par destes construtores, também a Volvo, uma das marcas que, inicialmente, mais fortemente apostou na mobilidade elétrica, veio, entretanto, admitir que poderá manter a combustão na sua oferta durante mais tempo que o previsto. Motivo pelo qual vai retomar o investimento em híbridos e híbridos plug-in, enquanto a Mercedes, que no arranque da transição previa que os EV e PHEV viessem a representar 50% das suas vendas até 2025, adiou já esta mesma previsão para o final da presente década. Garantindo, mesmo, que os modelos com o emblema da estrela de três pontas vão continuar com motores a gasolina "até à década de 2030".
Generalistas seguem caminho idêntico
Entre as generalistas, a Ford descartou já a hipótese de vender apenas automóveis elétricos na Europa, a partir de 2030, considerando tal meta "demasiado ambiciosa". Enquanto a Volkswagen admitiu a possibilidade de continuar a vender o Golf a combustão até que a União Europeia proíba definitivamente a venda de carros novos a combustão.
O que, segundo a legislação atual, deverá acontecer e 2035.