ATA: a primeira marca automóvel portuguesa... de fabrico belga

Portugal está repleto de histórias, projetos e marcas dignas da nossa consideração. Hoje apresentamos-lhe a primeira marca automóvel portuguesa, a ATA.

A grande maioria de nós, portugueses, somos incapazes de indicar mais do que uma ou duas marcas de automóveis lusitanas. Aqui na Turbo, e durante as próximas semanas, pretendemos retificar esta lacuna, pois, na verdade, Portugal está repleto de histórias, projetos e marcas dignas da nossa consideração. Hoje apresentamos-lhe a primeira marca automóvel portuguesa, a ATA.

ATA, sigla para "Ateliers Teixeira Automobiles", é a primeira marca de automóveis portuguesa de que há registo.

Na realidade, o único modelo proveniente deste projeto foi fabricado na Bélgica. Embora, não sofra qualquer contestação, a ideia de que se trata de um carro idealizado, financiado e concebido por mentes portuguesas.

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1914 marca o ano do surgimento do primeiro, e único, automóvel da ATA. Isto, apesar das tentativas anteriores, levadas a cabo por outras marcas, cujos registos começam ainda em 1899.

O logótipo da ATA
O logotipo da ATA

O Duo Teixeira

A ATA foi criada pelos irmãos Dias Teixeira, que contavam já com alguma experiência no setor: no final do século XIX, já se dedicavam à venda de bicicletas Raleigh, e, em 1903, tornaram-se representantes da Fiat da zona norte do nosso território.

E foi por volta dessa altura que os irmãos Teixeira começaram a idealizar o primeiro automóvel português. Na sua conceção, um carro simples, cuja principal premissa era ser um modelo de custo reduzido e, sobretudo, adaptado à realidade portuguesa.

Na foto, um dos fundadores da ATA
Na foto, um dos fundadores da ATA

Infelizmente, acabou surgindo um obstáculo ao estabelecimento daquela que seria uma marca 100% portuguesa.

Esse obstáculo, foi a falta de condições, para a produção dos quatro modelos planeados pelos dois irmãos, em solo português. Culpa da carência de mão de obra qualificada, de matérias-primas, e de infraestruturas necessárias para o fabrico. Levando mesmo a que o primeiro modelo da ATA nascesse na Bélgica.

Modelo ATA Tipo B 16 HP

A ATA estabeleceu-se então na Bélgica em 1912, e dois anos depois, em 1914, surge o Modelo ATA Tipo B 16 HP. O qual foi, inclusivamente, apresentado no primeiro salão automóvel realizado no nosso país, e que teve lugar na cidade do Porto, mais especificamente no Palácio de Cristal.

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Desvendado, então, como protótipo, tal não impediu que a marca tivesse recebido, logo aí, 25 encomendas. Das quais, porém, apenas três foram satisfeitas, com os carros a serem entregues aos respectivos donos, todos eles portugueses.

Destes três exemplares fabricados, nenhum sobreviveu até aos dias de hoje. Ainda que, na altura, tenham sido avistados a rolar nas ruas do Porto, conforme referem alguns relatos.

Quanto a prestações, apenas se sabe que o ATA Tipo B 16 HP atingia os 70 km/h e tinha um consumo estimado de 16 litros aos 100 km.

Um fotografia do Modelo ATA Tipo B, tirada no primeiro salão automóvel realizado em Portugal
Um fotografia do Modelo ATA Tipo B 16 HP, tirada no primeiro salão automóvel realizado em Portugal

Os ventos da sorte não sopraram a favor da ATA

A verdade é que a ATA não chegou a tornar-se uma marca de sucesso comercial.  A principal razão? A Primeira Guerra Mundial.

De resto, não deixa de ser curioso o facto de, uma indemnização aos irmãos Dias Teixeira, ter sido uma das reclamações feitas por Portugal, no final da guerra, à Sociedade das Nações. Sendo que o duo foi mesmo indemnizado, no valor de 200 mil marcos.

Mas, também e segundo consta, já não voltou a fabricar automóveis...

Fontes:
Diário de Notícias
O Automóvel: Design Made in Portugal