Alfa Romeo Giulia Quadrifoglio: Verdes de inveja

Num mercado onde as berlinas desportivas se encontram em vias de extinção, o Alfa Romeo Giulia Quadrifoglio destaca-se pelo estilo. Conscientes de que fazer considerações sobre a estética automóvel equivale a caminhar sobre um campo minado, convidamos o leitor a comparar as linhas italianas com as alemãs de modelos como BMW M3 ou mesmo o Mercedes-AMG C 63 SE Performance. O Alfa Romeo é diferente. E não o é apenas pelo estilo. É diferente numa caraterística que não se vê, mas que é fundamental para os apaixonados da condução: tem tração traseira. Ainda que por meio de soluções técnicas diferentes, BMW e Mercedes recorrem à tração integral para ajudar a domar os 550 cv ou 680 cv, respetivamente.

Pensado para conhecedores, o Giulia Quadrifoglio descarrega os 520 cv unicamente no eixo traseiro. Numa primeira abordagem destaca-se o ganho de 10 cv face à versão anterior do V6 de 2.9 litros. No entanto, a principal novidade mecânica encontra-se no outro extremo da cadeia cinemática. Queixas de sobreaquecimento durante sessões intensivas de condução em pista levaram a Alfa Romeo a substituir o autoblocante com vectorização eletrónica de binário, por um convencional de deslizamento limitado. Trocam-se as possibilidades de configuração pela fiabilidade de uma solução comprovada pelo Giulia GTA.

Quadrifoglio 100th Anniversario

Conhecidas as novidades mecânicas, o restyling do Alfa Romeo Giulia Quadrifoglio divide-se em operações de estética e emagrecimento. A alteração de imagem mais substancial acontece na frente, onde as grelhas inferiores das entradas de ar principais receberam um acabamento que proporciona uma reinterpretação contemporânea da grelha “Trilobo”. Esta é enquadrada pelas novas óticas adaptativas Full LED Matrix, com desenho 3+3 evocativo do icónico Alfa Romeo SZ Zagato.

Exclusivas da versão Quadrifoglio 100 th Anniversario, as jantes de 21 polegadas deixam entrever as novas maxilas de travão douradas. A mesma tonalidade especial distingue o emblema comemorativo do centenário do Quadrifoglio, posicionado no guarda-lamas. No interior é a fibra de carbono a assumir o protagonismo, com um acabamento tridimensional. Comum a todos os Giulia, o painel de instrumentos digital recupera o design “telescópico” e estreia um ecrã TFT de 12,3 polegadas.

Submetido a um extenso programa de emagrecimento, onde não falta a utilização de alumínio na construção do motor e fibra de carbono no veio de transmissão, capot, spoiler traseiro e saias, aos quais se junta o tejadilho (opcional), o Alfa Romeo Giulia Quadrofoglio é mais elegante que os rivais. Pesa 1735 kg, contra 1840 kg do BMW M3 e 2165 kg do Mercedes-AMG C 63 SE Performance. As diferentes potências equilibram o peso a mover por cada cavalo. No entanto, nenhum dos modelos germânicos consegue igualar a leveza da condução do Alfa. Por mais eficaz que a tração integral seja, nunca vai suplantar a simplicidade e a elegância da condução de um automóvel com tração traseira.

DNA Race

Embora mantenha o esquema base da suspensão Alfa Link, com duplos triângulos e eixo de direção semi-virtual à frente e Multilink de quatro braços e meio atrás, as ligações ao solo foram afinadas ao estilo do Giulia GTA. Os efeitos fazem-se sentir principalmente na programação do controlo eletrónico do amortecimento e na utilização de barras estabilizadoras de maior diâmetro. A Direção garante um nível de rapidez e comunicação ao qual já não estamos habituados.

Tal como a direção, o motor, os amortecedores e os controlos de estabilidade e tração, a caixa automática de oito velocidades responde aos programas do seletor de modos de condução DNA. Aos modos Dynamic, Natural e Advanced Efficiency (para os dias de chuva), o Quadrifoglio junta o modo Race.

O interior é desenhado para quem está a conduzir, com comandos mecânicos para todas as funções secundárias. O volante tem muito boa pega e a proporção correta de pele e Alcantara para que as mãos mantenham sempre um índice elevado de aderência.

Quando os automóveis são concebidos em função do prazer de condução, a tração integral representa apenas excesso de peso. O Alfa Romeo Giulia Quadrifoglio é o exemplo que valida esta teoria. Mais do que tração é preciso sensação e neste capítulo o Alfa Romeo é imbatível. Direção e chassis têm uma afinação perfeita para que, entre o volante e o fundo das costas, o condutor obtenha toda a informação necessária sobre os níveis de aderência. Como numa dança, o Giulia Quadrifoglio deixa-se conduzir com graciosidade pelas curvas rápidas.

Quase confortável

A diferença de peso para os concorrentes traduz-se em agilidade e numa maior facilidade de inserção em curva. A frente mais leve contribui para um maior equilíbrio, mesmo com condições adversas. A traseira não para sossegada nas zonas mais encadeadas, reagindo com naturalidade e previsibilidade ao acelerador. O autoblocante é rápido a reagir às perdas de tração, não se sentindo a falta da repartição eletrónica de binário da geração anterior.

Com os amortecedores no modo mais brando, o Giulia Quadrifoglio não compromete o conforto. Daí a ser uma berlina confortável vai um grande passo. É preciso conviver com os tiques de desportivo, como os travões difíceis de dosear em ambiente urbano ou a roda interior que tem tendência para patinar à saída dos cruzamentos. Traços que marcam o caráter de um desportivo que parte de um preço base equivalente ao do BMW M3 e que se revela bem mais envolvente, interativo, intuitivo mesmo, que o modelo germânico. Roam-se de inveja!

PREÇO 118 450 € (118 450 € versão ensaiada)

MOTOR Gasolina V6 2891 cc

POTÊNCIA 520 cv (382 KW)/6500 rpm

BINÁRIO 600 Nm/2500 rpm

TRANSMISSÃO Integral; Auto 8 vel.

COMP./LARG./ALT. 4,64/1,87/1,43 M

DISTÂNCIA ENTRE-EIXOS 2,82 M

BAGAGEIRA 480 L

ACEL. 0-100 km/h 3,9 S

VEL. MÁX. 308 KM/H

CONSUMO WLTP 10,1 (14,7*) L/100

EMISSÕES 229 G/KM

IUC 781,60 €

*Medições Turbo