Alemanha tenta evitar aplicação de novas tarifas a elétricos chineses

Depois da UE ter anunciado o aumento das taxas alfandegárias para os elétricos chineses, a Alemanha tenta agora impedir a sua aplicação.

Depois dos construtores automóveis alemães terem manifestado a sua oposição à decisão da União Europeia (UE) de aplicar taxas alfandegárias mais elevadas à importação de veículos elétricos chineses, agora é o próprio Governo da Alemanha que entra em campo, com o objecto de impedir a entrada em vigor da nova taxação. Ou, na pior das hipóteses, atenuá-la.

A revelação foi feita por fontes próximas de todo o processo, avança a Automotive News Europe, acrescentando que o Executivo liderado por Olaf Scholz está confiante de que será possível, senão impedir a aplicação das novas taxas, pelo menos atenuar o seu efeito, através de conversações directas com a China.

No entender das autoridades germânicas, ainda existe margem de manobra, não somente nas posições chinesas, como também dentro da União Europeia (UE).

Recorde-se que Bruxelas anunciou, na passada quarta-feira, a imposição de novas tarifas alfandegárias aos veículos elétricos oriundos da China, os quais deverão passar a pagar, já a partir do próximo dia 1 de julho de 2024, até 48% de imposto. Valor que resulta do aumento de 38% anunciado pela UE, acrescido dos 10% que os veículos elétricos chineses já pagavam para entrar no espaço europeu.

Recordar, ainda, que a medida será aplicada, de forma independente, a cada um dos fabricantes automóveis chineses, variando a percentagem consoante o grau de cooperação demonstrados por estas empresas, durante a investigação levada a cabo pela UE aos apoios estatais dados pelo Governo chinês, aos seus fabricantes.

LEIA TAMBÉM
Chineses vendem elétricos mais caros na Europa do que em casa

Na sequência da investigação, construtores automóveis chineses como a BYD, a Geely ou SAIC, foram acusados de distorcer o mercado dos automóveis elétricos, ao beneficiarem de subsídios estatais que, no entender da UE, violam as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Entretanto e em resposta ao anúncio de aumento das taxas, a China veio já ameaçar com medidas de retaliação em domínios como a agricultura, a aviação e os automóveis com motores de maior cilindrada.

No caso dos automóveis, a medida afectará directamente os principais fabricantes automóveis alemães, como é o caso dos grupos Volkswagen, Mercedes-Benz e BMW, os quais dependem fortemente das vendas que fazem naquele que é, atualmente, o maior mercado automóvel do mundo.

A BMW é um dos fabricantes alemães que produz modelos seus na China
A BMW é um dos fabricantes alemães que produz modelos seus na China

Precisamente com o objectivo de impedir este impacto nas empresas e economia alemãs, mas também o escalar do confronto UE-China, o ministro da Economia alemão, Robert Habeck, deverá viajar para Pequim, durante a próxima semana, com o propósito de se encontrar com as autoridades chinesas e debater o problema, noticia a Automotive News Europe.