Só três assinaram. Alemanha vê perigar apoio ao e-Fuel

Depois de ter conseguido convencer a União Europeia, a Alemanha vê perigar as intenções de alargamento do compromisso quanto ao e-Fuel

Depois de ter conseguido pressionar a União Europeia a abrir uma excepção, para os combustíveis sintéticos (e-Fuel), naquilo que são os esforços rumo às emissões zero, eis que a Alemanha vê perigar a intenção de alargar o mesmo compromisso, a outros países do mundo. Isto porque, até ao momento, só três já assinaram a declaração de compromisso.

A notícia é avançada pelo site europeu de informação 'Politico', acrescentando que, o Governo alemão pensava aproveitar a realização do Salão de Mobilidade de Munique (IAA 2023), para conseguir convencer mais países a assinarem uma declaração de compromisso, relativamente aos combustíveis sintéticos, ou e-Fuel.

A Alemanha pretendia que os signatários se comprometessem a, não só investirem no desenvolvimento do e-Fuel, mas também partilhassem entre si o conhecimento já reunido, neste domínio.

Parlamento da Alemanha
Parlamento da Alemanha

Contudo e segundo noticia o mesmo site, citando, inclusivamente, dois elementos da indústria, que serão também conhecedores da declaração, apenas três países terão aceite subscrever o compromisso: República Checa, Japão e Marrocos.

Destes, apenas checos e japoneses são verdadeiramente detentores de uma indústria automóvel, ao passo que, Marrocos, tem como objectivo capitalizar o seu potencial de utilização de energia verde para gerar hidrogénio.

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Entretanto e também como consequência desta fraca adesão, a Alemanha terá já tomado a decisão de deixar cair a iniciativa, garantem as mesmas fontes.

Alemanha alicia com países de custos mais baixos

Recorde-se que a Alemanha tem sido, a par da Itália, um dos principais defensores da aposta também nos combustíveis sintéticos, com base não somente no papel que estes poderão desempenhar na redução das emissões de gases prejudiciais para a atmosfera, mas também na importância do sector não ficar dependente de uma só tecnologia, como acontece com a mobilidade exclusivamente elétrica.

Nesta declaração, o Governo alemão pedia às nações signatárias para que se comprometessem a investir em novas fábricas de e-Fuel, a partilharem os seus conhecimentos, mas também a defenderem a "neutralidade tecnológica" no desenvolvimento de tecnologia de veículos sem emissões.

A fábrica de e-diesel da Audi em Dresden, na Alemanha, onde este combustível é feito a partir de dióxido de carbono, água e eletricidade obtida a partir de fontes renováveis
A fábrica de e-diesel da Audi em Dresden, na Alemanha, onde este combustível é feito a partir de dióxido de carbono, água e eletricidade obtida a partir de fontes renováveis

A par destes argumentos, a Alemanha defendia, ainda, que, ao apoiarem os combustíveis sintéticos, os países signatários também beneficiariam do papel desempenhado por nações não identificadas do hemisfério Sul, as quais conquistariam, por sua vez, verdadeiras oportunidades industriais, ao fornecerem locais com baixos custos de produção de eletricidade eólica e solar.

e-Fuels ainda são muito caros de produzir

Recorde-se que, os custos de produção dos e-Fuel, continua a ser um dos principais óbices a sua disseminação, levando mesmo a que, neste momento, sejam produzidos apenas em pequenas quantidades.

De resto, a própria União Europeia mantém dúvidas quanto à viabilidade da sua utilização, embora admita o interesse em utilizar e-Fuel naqueles que serão os esforços de transição de outras grandes indústrias poluentes, como é o caso da aviação.