Para 2027. Europa vai ter a maior fábrica de chips de carboneto de silício

A Alemanha anunciou o acordo para a construção da maior fábrica de chips de carboneto de silício, cuja produção deverá arrancar em 2027.

Numa altura em que a indústria automóvel europeia continua a ser confrontada com problemas de fornecimento de semicondutores, a Alemanha acaba de anunciar o acordo para a construção da maior fábrica de chips feitos de carboneto de silício. Sendo que a produção é para arrancar já em 2027.

O acordo agora anunciado, com o beneplácito do Governo alemão, país onde será construída a fábrica, tem como parceiros a alemã ZF Friedrichshafen e a fabricante norte-americana de semicondutores Wolfspeed, avança a Automotive News Europe.

Quanto à opção de fabrico com carboneto de silício e não com o silício tradicional usado nos semicondutores atuais, resulta, segundo a mesma fonte, do facto do primeiro ser um semicondutor mais eficiente em termos de energia, o que poderá contribuir para uma mais rápida e disseminada implementação do veículo elétrico.

Os semicondutores são, atualmente, uma das dificuldades para a indústria automóvel
Os semicondutores são, atualmente, uma das dificuldades para a indústria automóvel

De acordo com a Wolfspeed, a primeira meta passa por iniciar a produção destes novos chips já em 2027, no local onde se encontra instalada uma antiga fábrica de carvão em Saarland, sudoeste da Alemanha. Sendo que, a ZF Friedrichshafen terá uma participação minoritária na fábrica, mas uma posição maioritária no centro de Pesquisa e Desenvolvimento que as duas empresa têm previsto criar.

A Automotive News Europe recorda, ainda, o facto de Saarland ter uma história já longa, relacionada com o motor de combustão, e, nomeadamente, através da Ford Motor Company, que aí instalou uma fábrica. A qual, empregando atualmente qualquer coisa como 4.500 trabalhadores, tem já previsto o fecho total de portas, até 2025.

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Contudo e com lançamento agora anunciado deste projecto, muitos dos cerca de 44 mil trabalhadores ligados à indústria automóvel, em Saarland, poderão vir a ter um futuro bem mais risonho, após a fim da combustão.

Governo alemão destaca a atratividade

Ao mesmo tempo, o próprio Governo alemão recordou que este projecto é a demonstração de que, "no meio das preocupações europeias com as tentativas dos EUA para desviarem investimentos da Europa, com a sua nova Lei da Redução da Inflação, existe uma empresa norte-americana que quer investir na Alemanha", cita a mesma publicação.

DE resto, o próprio CEO da Wolfspeed, Greg Lowe, reconheceu que, escolheu fazer este investimento na Alemanha, atraída pela grande força de trabalho industrial da Alemanha, sendo que, "com a transição da ZF para a Mobilidade Eléctrica, muitos dos técnicos que atualmente trabalham em motores de combustão interna, ficarão disponíveis". Pelo que, "só temos de formá-los para que possam trabalhar com equipamentos semicondutores".

O carboneto de silício no seu estado natural
O carboneto de silício no seu estado natural

Quanto ao valor do investimento, o mesmo responsável avançou que rondará os três mil milhões de dólares, qualquer coisa como 2,76 mil milhões de euros, sendo que, "grande parte", provirá de subsídios do Estado alemão. Os quais ainda necessitam, no entanto, de aprovação da Comissão Europeia.

Mercedes e Jaguar Land Rover entre os potenciais clientes

Especializada em chips de carboneto de silício, os quais conseguem aumentar em 15%, face ao silício tradicional, a autonomia dos veículos elétrico, ao mesmo tempo que reduz os tempos de carregamento, a Wolfspeed tem já como clientes, fabricantes automóveis como a Mercedes-Benz ou a Jaguar Land Rover.

Quanto à alemã ZF, tem como objectivo integrar os chips da Wolfspeed em inversores para os fabricantes de camiões elétricos, além de utilizá-los nas transmissões das turbinas eólicas, assim como em navios de propulsão elétrica.