Depois da estreia na Europa com o crossover elétrico U5, já à venda em Portugal, a Aiways reforça a aposta... e a oferta, com o insinuante U6. Um crossover-coupé feito a partir da mesma base do antecessor, embora com linhas tão marcantes quanto fracturas, e que nós já tivemos oportunidade de conhecer, in loco, em solo luso.
Jovem fabricante de automóveis exclusivamente elétricos cujo nascimento teve lugar apenas em 2017, na cosmopolita Xangai, a Aiways - nome que, caso não saiba, nasce da frase em inglês "Ai is on the way", sendo que a primeira palavra, 'Ai', significa, em mandarim, 'Amor' - é um dos muitos construtores chineses que nasceram em pleno boom da mobilidade elétrica e com ambições declaradas de internacionalização.
Assim, foi sem grandes surpresas que, passados apenas alguns meses do início da comercialização no mercado interno chinês, a Aiways decidiu avançar para a Europa, com o mesmo U5 com que se havia estreado dentro de portas. No caso do Velho Continente, aproveitando não somente o terreno fértil para o nascimento de modelos elétricos, como também a moda cada vez mais forte que são as propostas de posicionamento SUV e crossover!
Entretanto e ao mesmo tempo que têm vindo a assentar algumas fundações na Europa, os responsáveis da Aiways não perderam tempo a ampliar a sua oferta neste mesmo domínio dos crossovers elétricos, lançando aquela que, pode muito bem ser encarada, como a segunda variante do U5 - um crossover coupé elétrico a que foi dado o nome de U6 e cuja apresentação aos media europeus decorreu, precisamente, em Portugal.
Nascido entre Xangai e Munique
Nascido entre os centros de decisão de Xangai e de Munique, na Alemanha, onde está não só a sede internacional da marca, mas também um dos seus centros de Pesquisa e Desenvolvimento, o Aiways U6 revela, contudo e num primeiro olhar, reacções bem mais díspares do que o antecessor. Desde logo, fruto daquele que será o seu elemento estético mais representativo, a linha de tejadilho que, apoiada em pilares traseiros sólidos e sem qualquer superfície vidrada, se prolonga até à tampa da bagageira, conjugada com ombros traseiros fortemente salientes e marcados que acabam criam uma imagem... diferente, e a que se juntam, depois, várias outras soluções estilísticas, nem todas fáceis de assimilar.
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É o caso da frente fechada e a que a marca chama de "nariz de tubarão", da qual faz também parte uma iluminação dianteira composta de finos LED diurnos, a encimar um conjunto óptico construído em altura e que, por sua vez, surge integrado no desenho em 'C' de cor contrastante. O qual, mais baixo, apresenta, ainda, duas generosas entradas de ar.
A partir daí, é a continuação da superfície metalizada que se prolonga para as laterais, com vários elementos a remeterem para o universo dos crossovers (são as protecções da carroçaria em plástico negro, a jantes aerodinâmicas em alumínio de 20", a linha de cintura especialmente alta, etc...), para terminar numa traseira que, com um pequeno spoiler no vinco da tampa da mala e iluminação LED de design vanguardista, acaba sendo, ela própria e apesar do contributo que dá para os 0,24 de coeficiente de aerodinâmica, a secção mais controversa.
Espaço, muito espaço...
Construído com base na mesma plataforma More Adaptable Structure (MAS) para veículos elétricos já utilizada no U5, embora neste crossover-coupé a sustentar uma carroçaria exteriormente mais comprida (4,80 m, contra 4,68 do U5), mais larga (1,88 m vs. 1,86 m) e mais baixa (1,64 m contra 1,70 m), o U6 mantém, no entanto, os mesmos 2,80 m de distância entre eixos que acabam permitindo-lhe oferecer um interior praticamente igual ao do "irmão mais velho", tanto na habitabilidade (muito convincente, sem dúvida), como na estética (limpa e sem botões físicos, a não ser no volante). Com a maior diferença a surgir no acesso aos lugares traseiros, em que o perfil tipo coupé da carroçaria obriga a um baixar da cabeça para entrar, ainda que, para disfrutar, a partir daí, de um já bem mais convincente espaço em altura.
Veja os pormenores exteriores abaixo
[https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2023/04/AiwaysU6Lisboa2023_opticajante.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2023/04/AiwaysU6Lisboa2023_jante.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2023/04/AiwaysU6Lisboa2023_traseira.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2023/04/AiwaysU6Lisboa2023_carregador.jpg]Quanto à bagageira, a surpresa de um aumento na capacidade anunciada, dos 432 litros anunciados no U5, para os 472 l neste U6, o qual pode chegar aos 1.260 l com as costas dos bancos traseiros rebatidas, mantendo, ainda, as mesmas vantagens decorrentes de um portão de accionamento elétrico. Assim como de segundo espaço de arrumação, com mais 45 litros, sob o capot dianteiro.
Sentados no posto do condutor, uma posição de condução mais elevada, à imagem da grande maioria dos crossovers, aqui garantida por um banco de elevado conforto e apoios, embora e tal como grande parte dos rivais, incapaz de garantir uma boa visibilidade traseira. Isto, sem esquecer uma manete de accionamento da caixa de velocidades que é um dos elementos mais originais neste U6, já que assume o desenho de uma manche de avião, em que o engrenar do sentido da marcha é feito rodando o punho (mais simples do que parece).
Num habitáculo despido dos tradicionais botões físicos, a presença de um pequeno (8,2") e fino ecrã a cores, escondido por detrás do volante de boa pega, a fornecer as informação básicas necessárias à condução, além de um gigante ecrã central de 14,6", parte de um sistema de infotainment com CarPlay e Android Auto, além de 64 GB de memória, atualizações OTA e, já agora, um layout já bem mais atraente do que vimos no U5. Não deixando de integrar, igualmente, tudo o que são funcionalidades acessórias, entre as quais, o sistema áudio 'Magnat' de 10 altifalante, a par dos sistemas de segurança e apoio à condução.
Descubra mais sobre os interiores abaixo
[https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2023/04/AiwaysU6Lisboa2023_destaque.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2023/04/AiwaysU6Lisboa2023_mala.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2023/04/AiwaysU6Lisboa2023_volanteinterior.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2023/04/AiwaysU6Lisboa2023_ecracental.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2023/04/AiwaysU6Lisboa2023_bancotraspassageiro.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2023/04/AiwaysU6Lisboa2023_manche.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2023/04/AiwaysU6Lisboa2023_bancotraseiro.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2023/04/AiwaysU6Lisboa2023_portarevestimentos.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2023/04/AiwaysU6Lisboa2023_painelinstrumentos.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2023/04/AiwaysU6Lisboa2023_bancosdianteiros.jpg]Aliás e sobre estes últimos, nota para a presença de um pacote tecnológico com um total de 11 sistemas de assistência ao condutor com Inteligência Artificial (AI-Drive) de série, cujos sensores e software foram desenvolvidos e implementados em conjunto com a alemã Continental e a israelita Mobileye. E que, entre outras mais-valias, asseguram condução autónoma de nível L2+ (experimentámos, entre outros, a manutenção na faixa de rodagem e gostámos do funcionamento suave mas eficaz...), além de capacidades mais comuns, como é o caso da Assistência ao Arranque em Subidas e em Descidas, do Cruise Control Adaptativo Inteligente com Stop&Go, da Navegação Automática em Filas de Trânsito ou da Assistência Automática ao Estacionamento.
Para desfrutar sem pressas...
E já que falamos de condução, momento para falarmos dos pouco mais de 50 quilómetros que pudemos realizar entre Lisboa e Cascais, numa proposta que, recorde-se, tem a mesma base moto propulsora do U5, e que foi desenvolvida pela própria Aiways. Sendo que, no caso da propulsão, passa por uma configuração de um só motor elétrico, a atuar sobre as rodas dianteira, e a proporcionar 160 kW (218 cv) de potência e 318 Nm de binário. Valores que, conjugados com um peso total de apenas 1.780 kg, permitem ao U6 acelerar dos 0 aos 100 km/h em apenas 7,0 segundos, assim como atingir uma velocidade máxima de 160 km/h.
Transpostos para a realidade, todos estes dados acabam resultando num desempenho agradável e convincente, sustentado não apenas numa boa compostura (não o levámos aos limites, mas também não nos parece que seja dessa forma que a grande maioria dos potenciais clientes irá conduzir, este ou um outro qualquer crossover-coupé elétrico do género...), como também num pisar aveludado e com um nível razoável de tacto. Bem mais, inclusive, que a direcção ou o sistema de travagem, dois aspectos que acabam reafirmando a vocação mais descontraída deste U6...
De resto e optando por essa mesma utilização descontraída, a garantia de uma autonomia que a própria marca fixa nos 405 km (WLTP), fruto da utilização da mesma bateria de 63 kWh com células CATL (o maior fabricante mundial de baterias e que é também um dos investidores na Aiways) que equipa o U5, e que não nos pareceu difícil de alcançar. Isto, quando analisado à luz dos 13,3 kWh/100 km obtidos por nós ao longo de um trajecto a que não faltou, sequer, autoestrada (um dos maiores inimigos da autonomia dos elétricos...) e que acabou sendo substancialmente melhor que os 15,9 - 16,6 kWh/100km anunciados pelo fabricante.
Quanto a carregamentos, o anúncio de uma capacidade de recarga, de 30 a 80%, em apenas 30 minutos, quando recorrendo a uma carga DC de 90 kW ou de 11 kW AC trifásica.
Chega em Junho
Embora com o U6 ainda na fase de apresentação aos media europeus, o importador exclusivo da Aiways para Portugal, a Astara, deu já a conhecer aquela que é a estratégia de comercialização deste novo modelo da marca chinesa, em solo nacional. E que passa por uma chegada já em junho, mês a partir do qual será vendido através de uma rede de cerca de 10 agentes espalhados pelo território português.
Quanto a preços, o Aiways U6 representará um acréscimo 2.500€ face àquilo que é o valor de aquisição do U5, ou seja, estará à venda por 42.490€, no caso dos particulares. Já para as empresas, o valor de entrada será os 38.490€ + IVA.
Embora sem querer avançar números, até porque, no caso do U5, as dificuldades de entrega da fábrica acabaram impedindo o alcançar de metas mais ambiciosas, a Astara não deixou, ainda assim, de assumir como objectivo vendas na ordem das duas centenas em meia de unidades, para este U6, só durante o presente ano de 2023.