O mercado automóvel continuará a crescer em Portugal nos próximos anos, mesmo que a um ritmo mais moderado do que aquele que se tem vindo a registar no período pós-crise. Maior, porém, de acordo com a ACAP, será o crescimento da produção, consolidando a tendência de uma cobertura positiva da balança comercial do setor. As vendas de automóveis ligeiros novos devem crescer este ano cerca de 2%, situando-se nas 211 mil unidades (207 mil em 2016) no que diz respeito aos ligeiros de passageiros. Segundo a ACAP, responsável por esta previsão, esta tendência deverá manter-se em 2018. De acordo com a maior associação do setor automóvel em Portugal, apesar deste crescimento, os volumes de vendas deverão manter-se aquém dos registados antes da crise, o que não impede o setor de consolidar a sua posição de líder destacado no que toca às receitas fiscais arrecadadas pelo estado: 9,3 mil milhões de euros, dos quais 1,2 mil milhões apenas em ISA e IUC, a que acrescem 3,5 mil milhões arrecadados com o IVA, além de outras taxas. O peso do setor na economia expressa-se, porem, de muitas outras formas, como é o caso da criação de emprego (124 mil postos de trabalho diretos) e das exportações (assegura 11% do total nacional). A este respeito é importante salientar que 95% da produção deste sector (incluindo-se aqui componente e veículos acabados) tem como destino os mercados externos, o que se traduz numa taxa de cobertura das importações pelas exportações superior a 80%. De referir que estes são números que se referem a 2015 ano em que a produção automóvel em Portugal decaiu, tal como em 2016, resultado do ciclo de renovação de produto em curso nas duas maiores empresas produtoras portuguesas: a Autoeuropa e a fábrica de Mangualde do Grupo PSA. Esta tendência será invertida este ano e irá ter uma forte aceleração em 2018, com a entrada em produção do novo SUV da Volkswagen (Autoeuropa) e dos novos comerciais da Peugeot e Citroen já iniciada em Mangualde. Apesar da evolução positiva das vendas que se verificou nos últimos três anos a ACAP destaca o facto de o parque automóvel continua a envelhecer, apresentando agora uma idade média de 12,3 anos, um valor "preocupante" – refere – dadas as implicações em termos de segurança rodoviária e do objetivo de redução das emissões poluentes. Esta tendência poderá mesmo agravar-se em 2017, dado que é esperado um aumento das importações de automóveis usados, consequência da alteração à lei imposta no inicio do ano pela União Europeia e que vai determinar benefícios fiscais mesmo para automóveis com mais de 10 anos (enquanto até aqui esses benefícios apenas abrangiam viaturas até 5 anos). Além de estar em desacordo com estes estímulos á importação de carros mais velhos a ACAP continua ainda a bater-se por outra situação que considera incompreensível á luz do objetivo de reduzir as emissões poluentes. Trata-se da discriminação negativa dos automóveis a gasolina já que, ao contrário daquilo que acontece com os diesel, as despesas em combustível não podem ser deduzidas pelas empresas.