Nascida nas pistas, a Abarth não demorou a conquistar as mais belas estradas europeias. Uma combinação única de estilo e performance que descobrimos no KIRO - Kartódromo Internacional da Região Oeste.
Verdadeiro concentrado de estilo, o Fiat 500 é um dos modelos mais populares entre os condutores de veículos citadinos. Dimensões contidas, construção sólida e motorizações eficientes transformaram o pequeno Fiat num ícone da cultura automóvel urbana. A transição para as pistas não parece uma evolução óbvia… até a Abarth entrar em campo.
A transformar automóveis de estrada em modelos especiais de corrida desde meados do século passado, a empresa criada por Carlo Abarth, piloto com vasta experiência em competições de duas e quatro rodas, e Guido Scagliarini é uma especialista Fiat.
Renascer em 2007
O primeiro veículo produzido em 1949 foi o 204 A Roadster, baseado no Fiat 110. Uma parceria que se estreitou em 1971, quando a Abarth passou a fazer parte do universo Fiat.
Depois de um período mais controverso no final do século passado, com a atividade da Abarth & C. a ser suspensa, a empresa regressou em pleno em 2007.
Desde então, a marca do escorpião dedicou-se a fazer o que melhor sabe: encontrar o potencial desportivo de automóveis tão insuspeitos como o Fiat 500.
Não podemos esquecer o Fiat 124. A elegante versão italiana do Mazda MX-5 dá corpo ao Abarth 124 GT, variante com tejadilho em carbono e produção limitada a 400 unidades.
Sob o capot de todos os Abarth trabalha o bloco de quatro cilindros 1.4 T-Jet.
A potência varia entre os 145 cv e os 180 cv, com as versões Abarth presentes no Kartódromo Internacional da Região Oeste (KIRO) a apresentarem três patamares distintos. Como base os 165 cv do 595c Turismo, seguindo-se os 170 cv do 124 GT e os 180 cv do 595 Competizione e 595c Esseesse.
Amortecedores Koni
Situado no coração da Região Oeste, o KIRO encontra-se rodeado por uma rede de estradas tão desafiadoras como as curvas da pista. Línguas de alcatrão, que acompanham a geografia acidentada do terreno, ora revelando grandes sequências de curvas, ora desaparecendo pelo meio de pomares e campos de cultivo.
Um terreno difícil, onde o alcatrão nem sempre se encontra nas melhores condições, mas perfeito para a caravana Abarth.
As dimensões compactas dos três 595 fazem a estrada parecer mais larga, enquanto o equilíbrio do chassis do 124 GT convida a varrer as curvas com a traseira.
Tudo se passa com o mínimo de sobressaltos, graças à eficácia dos amortecedores Koni desenvolvidos em conjunto com a Abarth.
Como uma verdadeira invasão de escorpiões italianos, a caravana faz-se anunciar com uma sonoridade estrondosa. Sequências de sonoras explosões e estalidos quebram a tranquilidade campestre, com intensidade crescente.
O escape bem afinado do 595c Turismo sobe de tom quando passa pela linha Akrapovic do 595c Esseesse. Impõe respeito. Mas aquele que arrepia o adepto dos escapes desportivos é o Record Monza, que canta pelas quatro ponteiras do 124 GT e do 595 Competizione.
Para todos os gostos
Para além dos motores, os 595 distinguem-se pela carroçaria. Quando acrescentam o cê ao número são descapotáveis. Não na totalidade, pois mantêm os arcos laterais, mas muito mais do que um simples teto de abrir.
O movimento é automático e rebate mesmo o pequeno óculo traseiro com desembaciador. Um pormenor de estilo que pode ser executado sem limites de velocidade e que permite desfrutar de todo o prazer da condução a céu aberto sem receios de algum aguaceiro extemporâneo.
Para além dos três níveis de potência para o mesmo motor, os Abarth apresentam três soluções de caixa de velocidades. As variantes de 180 cv, 595 Competizione e 595c Esseesse, utilizam transmissões manuais de cinco velocidades. Já o 595c Turismo recorre à caixa sequencial robotizada de cinco velocidades.
Esta troca o seletor tradicional por botões na consola central para indicar a direção da marcha e patilhas no volante para o modo manual.
Por fim, o 124 GT monta uma caixa automática de seis velocidades, seletor tradicional, patilhas no volante e modo de condução Normal de Sport.
Automóveis contemporâneos, criados para utilizadores modernos e conectados, todos os Abarth contam com completos sistemas de comunicação e integração com smartphones.
Os ecrãs da Fiat têm um acabamento mate, garantia de excelente leitura em todas as condições de luminosidade, com menos tendência para colecionar impressões digitais que as opções brilhantes.
Eficácia ou diversão
Sem surpresas, dos quatro modelos Abarth presentes na pista do KIRO, o que mais impressiona é o 124 GT.
Soa tão bem como o 595 Competizione, mas destaca-se pelo tejadilho em carbono. Reforça a rigidez estrutural, sem afetar a distribuição de peso, e pode ser removido com recurso a uma chave e alguma paciência.
À estética original junta o fator diversão da tração traseira.
Todos os Abarth curvam com rapidez e eficácia, mas só um tem o equilíbrio necessário para desenhar o traçado do KIRO com a traseira a escorregar para um lado e a direção a apontar para o outro.
Estabelecendo uma rara ligação direta com o condutor, o 124 GT permite antecipar o escorregar natural da traseira. Surge de forma progressiva, com ampla margem de manobra para o condutor decidir se pretende uma deriva longa e controlada ou varrer a pista com a direção a voar de batente a batente.
Menos acrobáticos, os 595 primam pela eficácia. Dimensões compactas, potenciadas por distâncias entre eixos curtas, estes Abarth garantem uma agilidade acima da média, mesmo numa pista exigente como a do KIRO.
Há escorpiões para todos os gostos, o mais difícil é decidir se se prefere com capota, sem capota, com caixa manual ou automática, com tração à frente ou atrás…