Como carregar um carro elétrico

Este mês continuamos a dar alguns conselhos para uma melhor utilização de um carro elétrico, especialmente para reduzir os custos de utilização associados ao consumo de energia

O custo do carregamento de um carro elétrico tem algumas variáveis que dependem do modo e do sítio escolhido para fazer esse carregamento, partindo do princípio de que não o fazemos em casa, onde o preço depende apenas do tipo de contrato que temos com a operadora. Mesmo assim, esse custo pode variar em função da hora, caso tenhamos uma tarifa bi-horária. O caso já é diferente se fizermos os carregamentos na rede pública, porque nessa situação, para além do valor unitário do kWh contratado com os Comercializadores de Eletricidade para a Mobilidade Elétrica (CEME) acresce a taxa de operação do posto fixada pelo Operador de Pontos de Carregamento (OPC) e que é igual para todos os utilizadores. Acontece, porém, que os OPC podem estabelecer essa taxa de operação tendo em conta um valor fixo por carregamento, também conhecida por taxa de ativação, um custo por unidade de tempo, um custo por unidade de energia ou ainda uma combinação destas três variáveis. Tendo em conta estas variáveis é bom que tenhamos conhecimento das caraterísticas de carregamento do carro elétrico que temos, a fim de realizar a carga mais económica.

Como fazer contas

No total, o preço a pagar por um carregamento feito na rede pública é igual à soma da tarifa de operação que corresponde à utilização do posto, ao custo da energia contratada com o CEME, da tarifa da entidade gestora e finalmente dos impostos. Quando algumas vezes nos nossos ensaios falamos dos custos de utilização associados ao valor da energia, estamos precisamente a falar dos valores que resultam da soma de todas estas variáveis. Com o crescente número de ensaios a carros elétricos há leitores que muitas vezes nos confrontam com valores mais baixos, outros há que nos apresentam faturas onde podemos constatar que se situam muito acima da média dos carregamentos domésticos. A conclusão é simples, os carregamentos na rede pública serão sempre mais caros do que num carregamento em casa, isto porque temos de suportar os custos associados à disponibilização do equipamento e também à disponibilização de potências maiores, em especial em postos rápidos e ultrarrápidos como aqueles que se encontram nas autoestradas. Para fazer face a este “constrangimento” há que, em primeiro lugar, conhecer muito bem as caraterísticas de carregamento de cada carro elétrico e ter acesso às aplicações móveis existentes que localizam os vários postos de carregamento, ao mesmo tempo que fazem todos esses cálculos por nós!

Alguns conselhos importantes

Sendo o tempo um fator a pagar, é importante sabermos que condições de carga podem afetar o tempo que demora a carregar o nosso carro elétrico. O primeiro fator é necessariamente saber que a potência que um determinado veículo elétrico realmente obtém durante a fase de carregamento depende de quão cheia está a bateria! Assim, se a bateria estiver praticamente descarregada a potência de carga começa por ser quase a potência máxima que o posto debita, desde que esta seja suportada pelo veículo, porém, à medida que a bateria for sendo carregada, a potência de carregamento vai diminuindo, chegando a valores muito baixos quando nos aproximamos dos 100%. Um bom conselho é nunca deixar a bateria baixar dos 20% nem exceder os 80%, a menos que precisemos mesmo de ter a bateria totalmente carregada para uma viagem. Outro fator a ter em conta é a temperatura, porque em climas muito frios a carga é bastante mais lenta e por isso o tempo de carga é sempre mais demorado. Outra dica importante é saber a potência máxima de carga, quer em corrente alterna (AC) quer em corrente contínua (CC) nos postos do tipo PCN, PCR ou PCUR. Por exemplo, se um veículo tiver um carregador de bordo que possibilite o carregamento até 11 kW e o ligarmos a um posto de carregamento normal de 7,4 kW ele só carrega a essa potência, ou seja, ainda que o veículo permita velocidades de carregamento superiores, estamos limitados pelo posto de carregamento.

O inverso também se passa e por isso se o posto de carregamento tiver uma potência de 22 kW e o carregador a bordo for de 11 kW a bateria só carrega no máximo a essa potência. O mesmo se passa nos postos rápidos em corrente contínua (CC). Conhecer estas caraterística ajuda a reduzir o tempo e os custos associados ao carregamento que, como já ficou demonstrado, não se resumem apenas ao valor unitário da energia (kWh). Se nas viagens mais longas a escolha natural será um posto rápido ou ultrarrápido (PCR ou PCUR), nas deslocações diárias bastará um posto menos potente (PCN) perto de casa ou do trabalho.