Extensor de autonomia: Ford segue exemplo chinês

A Ford está a trabalhar em veículos com extensor de autonomia para compensar a diminuição das vendas de elétricos, seguindo o exemplo dos fabricantes chineses que também têm vindo a apostar nesta solução.

A Ford está a apostar no desenvolvimento de veículos elétricos com extensor de autonomia para tornar a eletrificação mais acessíveis nos maiores segmentos, que viram as vendas globais de elétricos a bateria recuar no ano passado.

O CEO da marca de Dearborn, Jim Farley, confirmou que estão a ser desenvolvidas plataformas para SUV e pick-up projetadas para veículos elétricos com extensor de autonomia, não tendo sido divulgado um horizonte temporal para o lançamento.

Os veículos elétricos com extensor de autonomia como o Mazda MX-30 R-EV distinguem-se dos híbridos plug-in na medida em que o motor de combustão não está ligado às rodas, mas a um gerador que faz funcionar o motor elétrico ou carrega a bateria.

Jim Fairley fez referência a entrevistas com proprietários de veículos elétricos com extensor de autonomia construídos pela Li Auto, que conquistaram uma parcela substancial no segmento SUV premium da China.

“Estamos realmente impressionados pelo facto dos clientes considerarem que estes veículos são elétricos”, afirmou o CEO da Ford durante a apresentação de resultados da empresa. “Não os vêem como híbridos ou híbridos plug-in. Cerca de 95% dos quilómetros percorridos são feitos em modo elétrico e são carregados todas as noites”.

Vendas de elétricos recuam

As vendas de veículos elétricos da Ford recuaram 9% no ano passado em todo o mundo para 105 mil unidades, apesar do lançamento do Explorer e do Capri na Europa em 2024.

Por sua vez, as receitas geradas pela divisão Model E da Ford, que é responsável pelos elétricos, diminuiu 35% porque foi forçada a entrar numa política de descontos, designadamente para os modelos Mustang Mach-E SUV e para a pick-up F-150 Lightning no mercado norte-americano.

A Model E perdeu 5,08 mil milhões de dólares (4,92 mil milhões de euros) porque teve mais despesa do que receitas no desenvolvimento de novos modelos.

Jim Fairley admitiu que os clientes de retalho norte-americanos de grandes veículos mostraram relutância na adoção de viaturas elétricas, mesmo antes da eleição do cético Donald Trump como presidente. “A economia é irresolúvel”, explica o CEO da Ford. “Estes veículos têm uma aerodinâmica pior e são muito pesados, o que significa têm baterias grandes e caras”.

Jim Farley entende que uma mudança para veículos com extensor de autonomia poderia ajudar a baixar os preços. “Para o cliente, se conseguir comprar um veículo elétrico que é comparável a um de combustão em termos de custo”, afirma. “Não existe transmissão, engrenagens, duplicação de eixos nem duplicação da cadeia cinemática, o investimento adicional de montar um motor de combustão é mínimo para o cliente”.