Fusão com Honda só avança se Nissan triplicar os seus lucros

A Nissan terá de triplicar os seus lucros para se concretizar a fusão com a Honda. Contudo, o cenário está longe de ser brilhante porque no ano fiscal de 2024, os seus lucros caíram 90%. O CEO da Honda já avisou que a integração só se concretizará se as duas empresas tiverem boa saúde financeira.

A fusão proposta entre a Nissan, Honda e potencialmente a Mitsubishi tem o potencial de redefinir a indústria automóvel. Contudo, para a Nissan o caminho está longe de ser fácil e simples. Este fabricante está sob forte pressão para aumentar significativamente os seus lucros, já que esse é um passo essencial para garantir o compromisso da Honda neste negócio. Sem uma clara reviravolta financeira, a fusão poderá não acontecer.

Numa conferência de imprensa conjunta no mês passado, os fabricantes revelaram um gráfico que projetava os objetivos ambiciosos de crescimento dos seus lucros operacionais até agosto de 2026, que é a data prevista para a fusão.

Para alcançar esse objetivo, a Nissan terá de obter lucros de aproximadamente 400 mil milhões de ienes no ano fiscal de 2026 (cerca de 2,491 mil milhões de euros).

Essa é uma fasquia muito elevada, já que os lucros operacionais da Nissan caíram 90,2%, de 336,7 mil milhões de ienes (2,097 mil milhões de euros) para 32,9 mil milhões de ienes (204,89 milhões de euros), o que representou uma margem operacional de apenas 0,5%.

As receitas líquidas tiveram uma quebra mais abrupta, tendo diminuído 93,5% de 296,2 mil milhões de ienes para 19,2 mil milhões de ienes (1,845 mil milhões de euros para 119,61 milhões de euros) na primeira metade do ano fiscal de 2024 em comparação com período homólogo ao ano anterior.

Resultados revistos em baixa

Segundo o Nikkei Asia, o grupo combinado pretende gerar receitas anuais de 3 biliões de ienes (18,69 mil milhões de euros) e alcançar sinergias no valor de 1 bilião de ienes (6,23 mil milhões de euros).

Para a Nissan, isso significa contribuir com aproximadamente 600 mil milhões de ienes (3,738 mil milhões de euros) de lucros a longo prazo. Se a Nissan não conseguir apresentar uma estratégia credível para triplicar os lucros até ao ano fiscal de 2026, a fusão poderá falhar antes mesmo de começar.

O próprio CEO da Honda Toshihiro Mibe afirmou categoricamente que a “integração não se concretizar exceto se a Nissan e a Honda a executarem como duas empresas que são capazes por estarem de pé sozinhas”.

Honda com boa saúde financeira

A Honda está em muito melhor posição para cumprir a sua parte. No ano fiscal de 2024 deverá obter um lucro operacional de 1,42 biliões de ienes (8,84 mil milhões de euros). Por comparação, a Nissan reviu em baixa a perspetiva para esse ano para 150 mil milhões de ienes (934 milhões de euros). Isso constitui uma queda monumental de 74% relativamente ao ano fiscal de 2023 e deixa este fabricante em maus lençóis.

Na sequência na redução planeada da capacidade, a Nissan terá de construir cerca de quatro milhões de veículos por ano. Segundo o CEO Makota Uchida, a Nissan poderá obter lucros se vender 3,5 milhões de unidades por ano, distribuindo dividendos aos acionistas, além de ter investimentos para o crescimento. Contudo, a Nissan não deverá vender mais de 3,4 milhões de veículos no ano fiscal de 2024.