Foton Portugal quer disputar lugares no pódio

Terminar nos três primeiros lugares em todos os segmentos onde está presente é o objetivo da Foton Portugal que acaba de chegar ao mercado nacional através do Grupo JAP, segundo afirma Fernando Martins, diretor de importação da Foton Portugal, em entrevista à Turbo Frotas & Comerciais.

Especializada em veículos comerciais, a Foton é uma marca de origem chinesa que acabou de chegar a Portugal através do Grupo JAP, que é um dos maiores operadores nacionais do retalho automóvel, contando no seu portefólio com 16 marcas.

A oferta vai assentar em sete modelos, estando já seis disponíveis, incluindo camiões ligeiros elétricos, com 4,25 e 7,5 toneladas de peso bruto, furgões elétricos, grandes e médios, além de duas pick-up 4x4 com motorização diesel e uma 4x2, esta última elétrica a bateria.

Fundada em 1996 e com sede em Pequim, na China, a Foton é uma marca detida pela BAIC, tendo já vendido mais de 11 milhões de unidades em todo o mundo. Este fabricante disponibiliza uma ampla gama de veículos comerciais ligeiros e pesados destinados tanto ao transporte de mercadorias como de passageiros. Os seus veículos foram desenvolvidos em parceria com fabricantes reconhecidos como a Daimler, a ZF ou a Cummins.

“O processo de representar a marca Foton em Portugal e a passagem do Grupo JAP para importador foi bastante ponderado”, afirma Fernando Martins, diretor de importação do Grupo JAP.

“A opção por este construtor resultou de um binómio. Em primeiro lugar, aquilo que representa atualmente. Trata-se do maior produtor chinês de veículos comerciais - e um dos maiores mundiais -, líder no mercado doméstico”, explica o responsável, adiantando que o valor da marca está estimado acima de 34 mil milhões de dólares. “A marca esteve sempre focada nos veículos comerciais e tem uma gama muito vasta, incluindo ligeiros e pesados”.

Em segundo lugar, a decisão do Grupo JAP levou em consideração o potencial da marca Foton, cuja gama de produto se apresenta como muito interessante para o mercado europeu, a qual está em atualização permanente. “A Foton não deixa de desenvolver e adaptar os seus modelos em função das obrigações legais e das especificações europeias”, refere Fernando Martins. “Sabemos que pela sua tecnologia, quer em viaturas elétricas, quer de combustão, a Foton dá uma garantia aos clientes de desempenho e competitividade”, sublinha. 

Seis modelos…para começar

A Foton Portugal iniciou a sua operação no mercado nacional com a disponibilização de seis modelos: dois camiões ligeiros, o eMiler disponível com peso bruto de 4,25 toneladas, equipado com motor elétrico com potência de pico de 120 kW (163 cv) e bateria de 63,75 KWh, e o eAumark, de 7,5 toneladas, equipado com um motor elétrico com potência de pico de 150 kW (204 cv) e bateria de 100,46 kWh, que anuncia uma autonomia de até 180 quilómetros; eToano, furgão elétrico de grandes dimensões, proposto em volumes úteis entre 9,1 m3 e 12,2 m3 (dependendo da distância entre eixos).

A oferta inclui ainda dois modelos pick-up de tração integral - para trabalho e lazer - a Tunland G7 com motor 2.0 a diesel e a Tunland V9 com o mesmo motor em versão híbrida (HEV) que inclui um motor de apoio elétrico de 48V; a eTunland, pick-up elétrica 4x2, dotada com um motor elétrico de 130 kW (177 cv) e bateria de 88,6 kWh, que oferece um alcance de até 360 quilómetros. 

A partir do segundo semestre, a oferta vai ser reforçada com um furgão de dimensões médias, o eView Grand, com volume útil de 7 m3.

“Estes sete produtos estão confirmados”, esclarece Fernando Martins. “Todos eles passaram por uma longa e penosa certificação europeia. Neste momento já temos homologação para todos, exceto para o que chega em junho”, acrescenta, adiantando que a grande dinâmica que a marca apresenta pode mesmo levar à introdução de outros modelos até final de 2025. “A Foton está sempre a inovar e a adaptar o seu portefólio à realidade europeia”, sublinha.

Inovação permanente

Além dos comerciais ligeiros, a Foton também produz camiões de gama média e pesada e alguns modelos já estão preparados para o mercado europeu, mas o Grupo JAP não os vai incluir na sua oferta. “Ainda não temos planos para isso, mas também não dizemos que tal não venha a acontecer. Tudo depende da dimensão do mercado nacional, que no ano passado não chegou às 5000 mil unidades”, explica o entrevistado. “Temos de avaliar muito bem a possibilidade de entrar no mercado, apesar de ser um produto que nos dá muitas garantias”.

Para o responsável da Foton Portugal, a mais-valia do produto está relacionada com a inovação e as soluções técnicas ao nível de baterias e motores. “Para além da sua própria inovação interna, a Foton tem parcerias com importantes fabricantes mundiais: CATL (baterias), Cummins (motores diesel), ZF (caixas de velocidades automáticas), Bosch (componentes)”, exemplifica. “Essa é uma das mais valias da marca e um dos seus fortes argumentos de venda”.

Por outro lado, o design dos veículos foi outra aposta, com linhas modernas adaptadas às preferências de cada geografia específica.

Outro argumento da Foton é a fiabilidade em termos de engenharia automóvel. “Antes de qualquer viatura ser disponibilizada para o mercado europeu, a tecnologia já foi exaustivamente utilizada no mercado de origem”, refere Fernando Martins, salientando que a marca realiza testes durante 12 meses”.

O responsável destaca ainda o equipamento de série bastante completo. “A pick-up Tunland G7, com motor a combustão, conta com uma dotação de série bastante acima do que convencionalmente se está à espera para uma viatura de trabalho”, afirma. “Estamos a falar de pequenos detalhes como o aquecimento dos bancos ou os ecrãs táteis, que no passado não eram habituais. A Foton é uma marca que trabalha com um nível de equipamento muito elevado e também aposta na simplificação da sua oferta”.

Rede e peças

Em termos de distribuição da Foton em Portugal, o formato vai ser o tradicional, baseado em concessionários e oficinas autorizadas. “Atualmente já temos seis pontos de venda e assistência”, afirma Fernando Martins. “Durante o primeiro semestre vamos continuar a desenvolver a rede”.

Antes do lançamento da marca em Portugal, uma das preocupações foi a garantia do após-venda. “Este é um segmento B2B ‘puro e duro’, onde existe uma grande preponderância das frotas”, explica o entrevistado. Normalmente, as marcas procuram fazer uma extrapolação do número peças ideal, isto é, stock de peças críticas, de desgaste e manutenção.

“Desde logo planeámos ter um stock de peças três a quatro vezes superior ao recomendado”, esclarece o responsável da Foton Portugal. “Temos a vantagem de o Grupo ter um vasto know-how no negócio de peças, desde a gestão de stocks à sua distribuição”.

Para satisfazer as necessidades do mercado, a Foton Portugal importa as peças diretamente à China, mas estão equacionados canais alternativos de fornecimento, “Este plano dá-nos a garantia que vamos ter uma capacidade de resposta sem qualquer desvio ao que é expectável”.

Motorizações diesel

Apesar do foco ser as novas energias e a mobilidade elétrica, a Foton inclui na sua oferta motorizações diesel. “A marca não pode estar alheada do cliente final”, afirma Fernando Martins.

“O desenvolvimento do mercado de veículos comerciais elétricos está a avançar a um ritmo bastante inferior ao que era expectável. É de esperar que a situação se altere nos próximos dois anos, sobretudo nos grandes centros urbanos. Já assistimos a isso noutros mercados como o dos Países Baixos”.

Principais objetivos

A Foton Portugal tem objetivos ambiciosos para o mercado nacional, que passam por uma presença no pódio nos segmentos onde vai estar presente: furgões grandes, furgões médios, camiões ligeiros e pick-up.

“Estamos a falar de lugares de pódio porque nos camiões ligeiros só vamos ter viaturas elétricas - um segmento muito residual -, que no ano passado não chegou às 30 unidades”, explica Fernando Martins. “Nos furgões elétricos, as vendas já têm alguma expressão e é um segmento em crescimento. Nas pick-up, a realidade já é um pouco diferente. As vendas totais no nosso país atingiram aproximadamente as 3000 unidades no ano passado, sendo que a maioria são viaturas de trabalho. Para 2025, o objetivo é mostrar um forte crescimento já no primeiro ano de operação”, adianta o responsável.